A audiência pública com o empresário terminou na madrugada desta quarta-feira (20) e deixou insatisfeitos os senadores e deputados da CPI pelas negativas de Dalcanale de envolvimento com doleiros e ?laranjas? utilizados para dificultar a investigação dos remetentes do dinheiro para o exterior. Mesmo confrontado com gravações de duas conversas telefônicas com personagens envolvidos em lavagem de dinheiro, Dalcanale dizia não se lembrar ou não saber quem eram seus interlocutores.
– O senhor diz que não sabe quem é Paco. É incrível o senhor não conhecer ou não lembrar de uma pessoa a quem fez oito ligações telefônicas, em menos de duas horas, no dia 22 de dezembro de 1997 – disse Ideli Salvatti, que atuou como relatora da reunião, exibindo extrato da conta telefônica do Banco Araucária.
– Isso já faz muito tempo. Não me lembro – respondeu o empresário.
As conversas telefônicas gravadas mostram ligações entre o Banco Araucária e o doleiro Dario Meser, do Rio de Janeiro, responsável pelas remessas ao exterior dos recursos dos fiscais da Receita do Rio de Janeiro, do chamado esquema de Silveirinha. Dalcanale negou que o conhecesse ou tivesse feito operações com ele.
Integrantes da CPI chamaram a atenção para o fato de o Banco Araucária, com apenas uma agência em Curitiba e outra em Foz do Iguaçu, haver movimentado mais de R$ 5 bilhões através de contas CC-5 no Banestado no período 1996/99. O depoente garantiu que os recursos provinham de comerciantes de Ciudad del Este, do Paraguai, e negou que tivessem origem em doleiros do Rio e São Paulo.
