sub-relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Compra de Votos, deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP), afirmou há pouco que o os parlamentares que integram a comissão vão ouvir hoje apenas o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE). Estava previsto para hoje o depoimento do ex-assessor parlamentar do PP, João Cláudio Genu, mas foi adiado porque, segundo a deputada, não haveria tempo suficiente para os dois depoimentos.
"Temos que terminar hoje, até as 16h30, para ir a plenário, onde teremos a possibilidade de votar a cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ)", explicou. Segundo ela, Genu deve ser ouvido na próxima terça-feira, às 11h30. De acordo com a lista apresentada pelo empresário Marcos Valério, Genu teria sacado R$ 4,1 milhões de 17 de setembro de 2003 a 5 de julho de 2004.
À Polícia Federal, Genu afirmou que o dinheiro era repassado ao líder do partido na Câmara, José Janene (PP-PR), e ao presidente do PP, Pedro Corrêa (PE). O ex-assessor parlamentar disse que o dinheiro era recolhido em pastas tipo 007 e levado à sala da presidência do PP, no edifício do Congresso Nacional. Genu afirmou que "isso aconteceu tantas vezes", que perdeu a conta.
O ex-assessor disse ainda em seu depoimento que recebia dinheiro da gerente financeira da SMP&B (agência de publicidade de Marcos Valério), Simone Vasconcelos. Os pagamentos eram feitos no hotel em que Genu se hospedava, em Brasília, e na agência do Banco Rural em um shopping center da capital.
O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) apontou José Janene como um dos distribuidores do chamado "mensalão", suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio ao governo. Janene e Pedro Corrêa são citados no relatório conjunto das comissões parlamentares dos Correios e da Compra de Votos, que será encaminhado nos próximos dias ao Conselho de Ética para abertura de processo de cassação de mandato. Constam no relatório os nomes de mais 15 deputados.
Pedro Corrêa e José Janene alegam que o dinheiro sacado era proveniente do PT e usado para pagar honorários advocatícios para defesa de um deputado do PP, que enfrentava várias ações na justiça, a maioria promovida por integrantes do PT.