CPI investiga títulos que deram prejuízo de R$ 80 mi ao Banestado

A CPI do Banestado reconvocou nesta quarta-feira (15) os ex-diretores da Banestado Corretora para investigar venda de títulos imobiliários ocorrida no período de 97 a 98. Foram quase R$ 80 milhões em operações lesivas ao banco, envolvendo as empresas Cidadela, Teka, Sercomtel, Essex e Crefisul.

A Essex, que havia adquirido um crédito de R$ 6,8 milhões junto à Banestado Corretora, ofereceu títulos imobiliários como garantia, que mais tarde foram taxados como ?podres?, portanto, sem retorno. Mas o banco acabou trocando a garantia por um terreno localizado na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), o qual soube-se posteriormente que valia apenas como título de posse e não de propriedade. O terreno foi adquirido pela Essex por R$ 900 mil, mas o banco o avaliou por R$ 5,3 milhões. Segundo Raul Félix, diretor da Banestado Corretora, três imobiliárias chegaram a esse valor após uma análise da propriedade.

O que causou a indignação dos deputados membros da comissão é que o preço avaliado, além de estar muito distante dos R$ 900 mil iniciais, ainda estava abaixo da dívida adquirida junto ao banco, que era de R$ 6,8 milhões. Posteriormente, os títulos ditos como ?podres? foram recuperados, enquanto o Banco do Estado do Paraná amargou prejuízo de R$ 6,8 milhões no caso Essex, já que o terreno dado como garantia não tinha título de propriedade.

Compareceu para depor o ex-diretor-presidente da Banestado Corretora, Rodrigo Pereira Gomes Júnior, que havia faltado à convocação de segunda-feira. Um dos principais questionamentos dos deputados era a respeito da participação de Rodrigo Pereira Gomes como um dos principais acionistas da Mega Créd. Isso no mesmo período em que presidia a Banestado Corretora, o que é ilegal perante o Banco Central. A Mega Créd veio a pedir concordata em 2001, deixando milhões em prejuízos para pequenos e médios investidores, que aplicaram na empresa por esta possuir bons rendimentos. ?A Mega Créd foi um apêndice da Banestado Corretora?, diz o relator Mário Sérgio Bradock. Após seu depoimento, o ex-presidente da instituição foi xingado de golpista, safado e quase foi agredido por populares na saída do Plenarinho da Assembléia.

Verbas com publicidade chegam a quase R$ 80 milhões

De 1995 a 1999 o conglomerado Banestado gastou quase R$ 80 milhões em publicidade, sendo que o valor aprovado era de apenas R$ 9 milhões. Desse montante, R$ 36,4 milhões foram gastos em apenas quatro meses, na época em que já havia sido assinado o termo de privatização. ?Se o Banco estava sendo vendido, por que então gastaram vela para defunto morto??, questionou o deputado Mário Sérgio Bradock. A ordem de pagamento vinha da Secretaria Estadual de Comunicação Social, chefiada na época por Jaime Lechinski. As duas agências licitadas para prestar serviços de publicidade eram a Heads e a Merci.

Segundo José Schalapack, coordenador de assessoria de comunicação social do Banestado na época, o funcionário da Heads que intermediava os projetos de publicidade era Cláudio Hoffmann, genro de Jaime Lerner. O deputado Pedro Ivo apresentou um requerimento ao presidente da comissão, Neivo Beraldin, para que Cláudio Hoffmann seja convocado à depor. O requerimento foi aprovado por unanimidade.

Já estão convocados para depor no próximo dia 21 os representantes das duas agências, bem como o ex-secretário de Comunicação Social, Jaime Lechinski.

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