Brasília (AE) – Na tentativa de descobrir se o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza repassou recursos para financiar a campanha de Paulo Maluf à prefeitura de São Paulo, em 2004, a CPI do Mensalão vai fazer uma acareação entre todas as pessoas que sacaram recursos das contas do publicitário. A data da acareação deverá ser marcada amanhã (19) em reunião administrativa da CPI. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, a gerente financeira da SMP&B, Simone Vasconcellos e o próprio Marcos Valério também farão parte da acareação.
"Não temos prova nenhuma de que Marcos Valério teria mandado dinheiro para Maluf", observou a sub-relatora da CPI do Mensalão, Zulaiê Cobra (PSDB-SP). A versão de que o empresário teria repassado R$ 13,7 milhões para Maluf teria sido confidenciada pelo deputado Vadão Gomes (PP-SP) a dois integrantes da CPI do Mensalão, segundo o jornal ‘Valor Econômico’. O deputado teria dito que os recursos foram repassados de duas formas ao PP, para a candidatura de Maluf. Uma parcela de R$ 3,7 milhões teria sido recebida por Vadão Gomes das contas de Valério. O resto do dinheiro – R$ 10 milhões – teria sido repassado por Valério diretamente ao PP.
Zulaiê Cobra lembrou que Marcos Valério admitiu, em depoimento à CPI do Mensalão, ter repassado recursos para a campanha à prefeitura de Paulo Maluf. No segundo turno das eleições, Maluf apoiou a candidatura da petista Marta Suplicy. "O Valério disse que mandou dinheiro para São Paulo para a campanha do Maluf. Ficou claro que pagaram para o Maluf apoiar a Marta", disse a tucana.
A assessoria de imprensa de Vadão Gomes nega qualquer conversa dele com integrantes da CPI do Mensalão sobre envio de recursos de Marcos Valério para Maluf. "Essa notícia é totalmente falsa e mentirosa", afirmou Carlos Brickman, assessor de Vadão Gomes. Ele argumentou que toda a defesa do deputado é baseada na premissa de que Vadão não recebeu dinheiro de Marcos Valério. Já o publicitário afirmou que entregou R$ 3,7 milhões a Vadão em um hotel em São Paulo. Brickman observou ainda que Vadão já entregou documentos à CPI do Mensalão que comprovam que ele não estava em São Paulo nas datas em que Marcos Valério afirma ter entregue dinheiro para o deputado.