Brasília – A CPI dos Correios tem um novo suspeito de ser beneficiário do esquema do mensalão: o deputado Nilton Baiano (PP-ES). A revista Veja deste fim de semana mostra que investigadores da comissão descobriram depósitos de R$ 100 mil, em dinheiro, em nome do jornalista Renato Paolielo, assessor da campanha de Baiano.
A origem do dinheiro seria uma corretora de valores que operou com fundos de pensão de estatais. Na mesma época do pagamento a Paolielo, por exemplo, a Euro, autora do depósito, causou um prejuízo de R$ 8 milhões ao Nucleos, o fundo de pensão dos empregados das empresas nucleares federais.
Por meio de um assessor, Baiano disse hoje (18) desconhecer a denúncia e que Renato, flagrado recebendo o dinheiro, é que deve dar explicações. O jornalista, conforme o parlamentar, alega ter recebido os R$ 100 mil por serviços legítimos prestados à corretora, mas teria esquecido de declarar a quantia ao Imposto de Renda.
A CPI, em seus momentos finais, dedica-se agora a investigar se fundos de pensão de estatais podem ter financiado o mensalão. A linha de investigação mira nos assessores dos parlamentares. O cruzamento dos dados está sendo feito pela empresa de auditoria Ernest & Young, contratada pela CPI. Levantamento preliminar aponta a existência de mais dez parlamentares suspeitos, elevando para 28 o total de envolvidos no mensalão.
A Euro, assim como outras corretoras suspeitas, comprava títulos do Tesouro Nacional a preço baixo e os revendia imediatamente aos fundos com boa margem de lucro. Esse lucro seria, então, repartido entre os mensaleiros. Na primeira sessão após o feriado do carnaval, a CPI vai decidir o que fazer com estes últimos passageiros alojados no vagão do mensalão.
De acordo com o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), o relatório vai registrar todas as irregularidades apuradas. "Até agora, o cruzamento indicou os nomes de assessores de parlamentares, mas nada que indique irregularidades nas transações", disse.
