O ex-secretário geral do PT Sílvio Pereira disse há pouco, em seu depoimento na CPI dos Correios, que levava as demandas do PT e dos partidos aliados ao governo sobre indicações. "Não tem indicação em meu nome pessoal. Eu não participei da formatação das diretorias (das empresas estatais). Eu não tenho controle de quem foi nomeado e para onde foi nomeado", afirmou. Ele fez essas afirmações em resposta a questionamento do relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PR), diante da insistência dele sobre a nomeação de cargos de confiança e diretorias importantes, se passavam por ele, e quais as diretorias.
Ele citou o caso da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) do Rio de Janeiro, em que houve disputa entre os partidos da base aliada. "Por ser um cargo, a exemplo dos postos no Incra, em que o PT tem atuação, o partido reivindicou a Delegacia Regional do Trabalho, que também fora solicitada pelo PTB", relatou. Isto, segundo ele, provocou problemas de conflito de interesses na CUT e no PT do Rio de Janeiro.
Neste momento do depoimento, Serraglio interferiu para dizer que estava interessado em cargos mais importantes, citando o nome do ex-diretor de Tecnologia da ECT, Eduardo Medeiros, dado como indicação de Pereira, para saber qual fora a real participação dele na nomeação de Medeiros.
"Não é fato que eu indiquei todas as pessoas das estatais", afirmou Pereira. "Eu não tinha esse nível de informação, não tinha esse nível de influência nem de decisão. Eu sempre tentava convencer o PT que o partido tinha de se compor com os outros partidos da base".
No caso de Eduardo Medeiros, ele disse que, foi procurado por um grupo de funcionários dos Correios que pediram apoio do PT para indicá-lo, pois se tratava de um funcionário de carreira e do corpo técnico. "Eu repassei este currículo ao governo", relatou , observando que tomou, no caso, atitude semelhante à que adotou em outros casos.
Ele disse que não conhecia Eduardo Medeiros e que teve dois encontros com ele, um em Brasília, em um restaurante, e outro em São Paulo, também num restaurante, e este foi um encontro muito rápido, pois só tomou um café com ele. "Depois disso, nunca mais o vi. Só visitei os Correios uma única vez, e fiquei dez minutos na porta do presidente, e nunca mais voltei", afirmou.
O relator perguntou, também, sobre a indicação e Ezequiel Ferreira de Souza para substituir Medeiros na diretoria de Tecnologia dos Correios. Segundo ele, Ezequiel estava sendo indicado para ser consultor do BNB, a pedido do líder do PT no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), mas acabou prevalecendo a indicação do ex-governador da Paraíba José Paulino, indicado pelo PMDB paraibano para o BNB.
Ezequiel, então, acabou recebendo um cargo de assessor do BNB. Pereira disse que, desde então, parou de acompanhar a situação dele. Mas, em 2004, soube do ocorrido por Bezerra, que foi à sede do PT em Brasília para reclamar que o que fora combinado não havia sido concluído. Aí ele recomendou ao senador que procurasse o governo.
Posteriormente, soube que o governo atendera Bezerra, indicando Ezequiel para o lugar de Eduardo Medeiros. Sílvio disse que não participou da reunião do governo com o PTB em que isso foi decidido. Aí Bezerra, presente à sessão da CPI, disse que estava "absolutamente correto" o relato feito pelo petista sobre a situação de Ezequiel, que não chegou a tomar posse.