A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios pretende limitar o acesso dos parlamentares ao inquérito do "mensalão", conduzido pelo ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), Barbosa recomendou que a CPI apresente argumentos incontestáveis no requerimento, que deverá ser aprovado na semana que vem, pedindo cópia do inquérito do "mensalão". A fundamentação é vital para evitar que o Supremo venha a negar o pedido de acesso aos documentos.
"O ministro pediu para que olhássemos com cuidado o embasamento do requerimento a fim de evitar o indeferimento de nosso pedido", disse Amaral, que foi hoje no início da noite ao Supremo acompanhado do relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). "É um inquérito sigilo e, por isso, a idéia é não abrir demais o acesso aos documentos", explicou o presidente da CPI. A idéia é restringir o acesso a um número de parlamentares da CPI a fim de evitar vazamento das informações. No encontro, Barbosa disse que o inquérito deverá estar concluído daqui a duas semanas.
Na próxima semana, Amaral vai reunir-se com o procurador geral da República, Antonio Fernando de Souza, para conversar sobre o requerimento da CPI que vai solicitar formalmente ao Supremo cópia do inquérito com as investigações feitas pela Polícia Federal, envolvendo deputados federais e políticos que teriam recebido dinheiro de caixa dois operado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
O inquérito deverá pedir indiciamento do publicitário Duda Mendonça e de Valério, do ex-presidente do PT José Genoino e do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. Todos os passos dados pela Polícia Federal são determinados pelo procurador-geral da República. Caberá a ele examinar as provas e indícios colhidos pela Polícia Federal para decidir se pedirá ou não a abertura de ação penal e quantas pessoas serão denunciadas nesse processo.
A cúpula da CPI dos Correios decidiu incluir o "mensalão" em seu relatório final, que deverá ser apresentado em meados de março, depois que a comissão que apurava o pagamento de "mesada" a parlamentares terminou sem resultados. A CPI dos Correios chegou a começar a apurar o mensalão e fez até um relatório preliminar com os nomes de 18 deputados envolvidos no recebimento de recursos de Valério. Este relatório foi para a Câmara dos Deputados e foi a base para a abertura de processo por falta de decoro parlamentar contra os deputados.
