O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza poderá trocar informações sigilosas com os integrantes da CPI dos Correios em troca de uma redução em possíveis penalidades que venha a receber. A idéia, discutida na última semana, foi avalizada pelo relator da Comissão Especial, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), mas com uma ressalva. "Isso é muito importante, é uma prática comum nos Estados Unidos, mas nós não temos ainda o domínio desta "negociação". Precisaríamos de mais garantias do depoente antes de tomarmos qualquer medida" disse.
Em sua opinião, somente quem participa de irregularidades pode saber o que acontece. "Só tem uma forma de descobrir sobre as quadrilhas, quando alguém de dentro resolve falar". Serraglio esteve em Curitiba hoje (15) e defendeu a postura adotada pelo governo federal, de não interferir no seu andamento, até o momento. "Esta CPI tem se preocupado em apurar a corrupção dentro dos Correios. Caso o governo resolva interferir, ele sairá mais enfraquecido do que está, pois a opinião pública vai cobrar isso".
Na próxima semana, os membros da CPI esperam os depoimentos do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do ex-secretário-geral Silvio Pereira. "Além deles, aguardaremos também os depoimentos dos gerentes da Agência do Banco Rural de Brasília nos últimos cinco anos para descobrirmos os responsáveis pelos maiores saques neste período".
Serraglio aproveitou para pedir rigor, porém, mais cuidado, nas investigações que possam envolver os líderes das bancadas do PMDB, José Borba, e PP, José Janene, em irregularidades. "Muito se falou até agora, porém, o cruzamento dos dados não indicou nada mais grave. Estamos esperando novos documentos antes de divulgar mais informações sobre os envolvimentos desses parlamentares em situações irregulares", concluiu.