Integrantes da CPI dos Correios reuniram-se hoje com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Nelson Jobim, para pedir que o tribunal reconsidere as liminares dadas contra a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do fundo de pensão Prece, dos funcionários da Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae), e da corretora Ipanema. No encontro, o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o sub-relator de fundos de pensão da Comissão, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), argumentaram que os pedidos de quebra de sigilo têm fundamentação. Existem hoje mais seis pedidos de liminar contra a quebra de sigilo à espera de decisão do Supremo.
"O Supremo está tendo uma postura de colaboração com a CPI. O ministro Jobim comprometeu-se a conversar com cada um dos ministros que está com os pedidos de liminar", disse ACM Neto. O pedido de liminar da Prece foi concedido pelo ministro Sepúlveda Pertence. O da corretora Ipanema – que anteriormente se chamava Prática Corretora – foi dado pelo ministro Gilmar Mendes. Mais três corretoras – Royster Serviços S.A., Stockolos Avendis Empreendimentos e Euro Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários – entraram com pedido de liminar no Supremo para que seja suspensa a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Acusado de esquema de lavagem de dinheiro proveniente de fundos de pensão de empresas estatais, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro também entrou com pedido de liminar contra a quebra de seu sigilo bancário, fiscal e telefônico. A CPI suspeita que ele seja o dono secreto da Guaranhuns, empresa que movimentou milhões de reais do esquema Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, e Marcos Valério Fernandes de Souza. José Roberto Funaro, pai de Lúcio, também entrou com pedido de liminar sob a alegação de que não tem nenhuma vinculação com os fatos investigados pela CPI. Outro que está no Supremo contestando a quebra de seu sigilo bancário, fiscal e telefônico é o corretor de valores Renato Luciano Galli.
O sub-relator de contratos da CPI dos Correios, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), reuniu-se hoje com o Procurador Geral da República, Antônio Fernando de Souza, para solicitar o bloqueio dos bens da empresa Skymaster, uma das companhias aéreas responsável pela Rede Postal Noturna (RPN) da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). "O procurador disse que vai priorizar esse pedido e que talvez no começo da próxima semana entre com uma ação solicitando o arresto dos bens da Skymaster", afirmou Cardozo.
A CPI dos Correios descobriu que a Skymaster enviou R$ 60 milhões nos últimos cinco anos para duas empresas – a Quintessential Group e a Forcefield – nas Ilhas Virgens Britânicas através de contratos simulados de arrendamento de aviões. Na terça-feira, dia 22, Cardoso pretende apresentar relatório parcial com as irregularidades detectadas na Skymaster. Segundo as investigações feitas pela Comissão, a Skymaster arrendava aviões da Quintessential e da Forcefield a preços acima de mercado e, depois, repassava o superfaturamento para os contratos com os Correios. A CPI também detectou o saque de cerca de R$ 30 milhões em dinheiro vivo das contas da Skymaster, nos últimos cinco anos.