Mesmo antes de sua conclusão, já há resultados da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, avalia o sub-relator, deputado Maurício Rands (PT-PE). Rands comentou a reta final da CPMI, que tem previsto para o próximo dia 20, a apresentação de relatório conclusivo.
"A comissão já gerou processos de cassação, deputados perderam mandatos porque tiveram de renunciar, ministros de Estado desocuparam pastas, diretores de estatais e de partidos foram substituídos", conta. Rands contabiliza ainda a descoberta do chamado "Valerioduto", esquema de financiamento ilícito que envolve as agências de publicidade de Marcos Valério, bancos e partidos políticos. "Este mecanismo funcionou tanto em 1998, na campanha do PSDB e PFL, quanto em 2003, usado por ex-dirigentes do PT", afirma.
Outro esquema descoberto pela CPI é chamado por Rands de "Dimasduto", referindo-se às investigações sobre o ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo. "É um esquema de arrecadação em torno de Furnas que funcionou em 2003 para os aliados do então presidente Fernando Henrique Cardoso", conta. Nos Correios, objeto específico da CPI, já se verificou superfaturamento milionário nas licitações no Correio Aéreo Norturno.
Para que esquemas de Caixa 2 como estes não ocorram nas próximas eleições, o deputado considera que as mudanças aprovadas para o pleito de outubro não serão suficientes. "A lei de redução de custos de campanha que proíbe showmício, publicação de anúncio em jornal, distribuição de camisas e bonés não é suficiente para coibir o Caixa 2.
A proibição barateia alguns custos, mas não estabelece, por exemplo, um teto para limitar os gastos das candidaturas. O Congresso fica devendo uma resposta mais estrutural no sistema eleitoral brasileiro, que precisa de mudanças mais profundas, uma reforma política que não fique somente na superfície", conclui.
