A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigará as denúncias de
corrupção nos Correios já tem número de assinaturas suficientes para ser
instalada. De acordo com as informações da Mesa Diretora do Senado, 240
deputados e 52 senadores apoiaram a criação da CPMI. Agora, a relação dos
parlamentares que assinaram o requerimento será publicada no Diário Oficial do
Congresso. Somente depois que os líderes indicarem os membros, a comissão poderá
ser instalada.
O documento de criação da CPMI, lido na manhã de ontem
(25) pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, tinha o apoio de 254 deputados.
Logo após a meia-noite, a mesa diretora do Senado informou que, ao longo do dia,
13 parlamentares incluíram suas assinaturas e outros 27 retiraram o apoio. Os
partidos que apresentaram requerimento para retirada de assinaturas da CPI foram
PSB, PTB e PT.
De acordo com o líder do governo na Câmara, Arlindo
Chinaglia, a base aliada não conseguiu retirar o número de assinaturas
suficientes para evitar a CPMI. "Parlamentares de algumas bancadas haviam
condicionado a entrega de pedidos de retirada de assinaturas a ter o número
suficiente para impedir a CPMI. Como teríamos que fazer a entrega primeiro para
depois saber, preferimos preservar esse compromisso que foi feito. Alguns
líderes preferiram não entregar", disse. "De qualquer maneira, houve quórum para
instalar a CPI e, portanto, as assinaturas que temos serão devolvidas aos
autores. Vamos preservá-los."
Chinaglia ainda relatou que, se as contas
do governo estivessem certas, faltariam apenas nove assinaturas para derrubar a
CPI. "O tempo fisicamente se esgotou. Não conseguimos", afirmou. O líder do PFL,
Rodrigo Maia, criticou as articulações do governo ao longo da quarta-feira.
"Mostram que houve leilão e barganha. O governo deveria ter mais respeito pelo
Legislativo e pela base aliada. Ele foi derrotado duas vezes num dia só", disse,
em referência ao número de parlamentares que apoiaram inicialmente a criação da
CPMI e o resultado final da Mesa Diretora.
Uma gravação em vídeo
publicada pela imprensa no dia 15 de maio denunciou a suposta existência de
corrupção envolvendo funcionários na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
(ECT). Na gravação, o diretor do Departamento de Contratação e Administração de
Material dos Correios, Maurício Marinho, cita nomes de outras pessoas que
estariam envolvidas no esquema de propina, entre eles o ex-diretor de
Administração dos Correios, Antônio Osório Batista, o assessor da Diretoria de
Administração da estatal, Fernando Godoy, e o presidente nacional do Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB), deputado Roberto Jefferson (RJ). Após a denúncia,
Maurício Marinho e Fernando Godoy foram dispensados de suas funções por
determinação do Ministério das Comunicações.
