CPI dos Correios investigará contratos com prestadores de serviço

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios não investiga apenas as operações financeiras que foram realizadas pelos fundos de pensão de empresas estatais. O balanço que será apresentado na terça-feira (06) pelo sub-relator da CPI Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) incluirá um item apelidado de "curiosidades", em que serão mostrados vários contratos de prestação de serviços firmados pelos fundos das estatais. Esses contratos vão de dedetização a consultorias, e foram firmados em condições consideradas suspeitas.

Uma das prioridades da CPI, agora, é investigar o financiamento privado ao milionário esquema de caixa 2 supostamente montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para financiar pagamentos a parlamentares da base aliada do governo Lula. Há suspeitas no mercado financeiro de que os fundos fizeram aplicações arriscadas, usando corretoras que teriam recebido comissões milionárias e repassado parte dos recursos a Valério.

Segundo ACM Neto, os maiores prejuízos dos fundos foram em aplicações no mercado futuro e em títulos públicos. "Vai ficar provado que teve armação, mas é preciso ver os nomes dos envolvidos e os valores dos prejuízos", disse. Ele contou que foi feito um completo levantamento das operações dos fundos de pensão no mercado de ações, de derivativos (mercado futuro) e de títulos públicos e, numa segunda etapa, com a quebra de sigilo das corretoras, será possível descobrir para onde foi o dinheiro recebido por elas.

Sigilo

Hoje, a CPI aprovou, pela segunda vez, a quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico de 14 fundos de pensão e 10 corretoras, empresas e pessoas físicas que operam no mercado financeiro. Da primeira vez, o fundo de pensão da Companhia de Águas e Esgoto do Rio (Cedae) e cinco corretoras recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF), alegando falta de fundamentação, e conseguiram liminares que suspenderam a quebra de sigilo.

Por precaução, ACM Neto resolveu fundamentar melhor os outros pedidos de quebra de sigilo, para evitar novos recursos ao STF. No total, a CPI dos Correios quebrou o sigilo de 14 fundos, 30 corretoras e 21 operadores do mercado financeiro. Logo no início das investigações dos fundos, a CPI descobriu prejuízos de R$ 9 milhões em operações feitas por eles.

A aprovação da nova quebra de sigilo provocou um bate-boca entre ACM Neto e os deputados petistas Jorge Bittar (RJ) e Maurício Rands (PE). Na discussão, Rands chamou ACM Neto de "menino contrariado" e ele rebateu: "Me respeite!"

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