A CPI dos Correios vai investigar 21 contratos de prestação de serviços firmados pelos fundos de pensão entre 2001 e 2005 e considerados suspeitos pelos técnicos. Do total de contratos "curiosos" apontados pelo subrelator ACM Neto, sete foram firmados com duas empresas ligadas ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, a Globalprev, que pertenceu ao ex-ministro Luiz Gushiken e hoje é adminitrada por ex-sócios dele, e a Trevisan, consultoria do empresário Antoninho Marmo Trevisan, amigo do presidente Lula. A inclusão das empresas na lista dos contratos que precisam ser investigados irritou os parlamentares governistas.
ACM Neto não detalhou o que há de suspeito em cada contrato, mas citou três casos mais comuns: valor considerado elevado demais para a natureza do serviço, falta de detalhes sobre o contrato e serviços aparentemente incompatíveis com necessidades dos fundos de pensão. Ele relacionou quatro contratos de auditoria e consultoria da Trevisan, somando R$ 1 294 milhão, e três consultorias técnico-atuariais da Globalprev, no valor de R$ 1,604 milhão. O contrato de maior valor considerado suspeito é para serviços de call center, no valor de R$ 12,9 milhões, pagos pelo Geap, fundo de pensão dos servidores federais, para a empresa de telefonia Algar.
"Quando dá destaque à Globalprev e à Trevisan, ficou evidente que deu conotação política", reclamou a senadora petista Ideli Salvatti (SC). Um dos motivos da revolta da senadora foi que os 21 contratos suspeitos foram listados de duas maneiras, sendo que a segunda começa pela Globalprev e pela Trevisan. "Podemos analisar qualquer contrato que a senadora aponte", devolveu ACM Neto.
Para esclarecer as finalidades dos contratos, as condições de pagamento e as prestações de contas das contratadas serão chamadas a prestar esclarecimentos à CPI dos Correios gestores dos fundos e representantes das prestadoras de serviço.
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