A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) aprovou hoje (4) a quebra do sigilo bancário de 11 corretoras financeiras que intermediaram recursos de doleiros.
Na tentativa anterior para votar esses requerimentos, houve falta de quórum dos parlamentares. Ontem, o presidente da CPMI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), ameaçou colocar o cargo "à disposição", caso os partidos continuem a "manobrar" regimentalmente para não votar os requerimentos de quebra de sigilo, causando a falta do número mínimo de parlamentares na sessão.
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) disse que o grande número de parlamentares presentes na sessão de hoje foi resultado da fala de ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele pediu ontem que a população seja cautelosa devido às "centenas e centenas de denúncias" de corrupção no país. "Eu disse que as mentiras irão aparecer e as verdades também irão aparecer. O povo precisa ter cautela, porque o denuncismo ficou solto durante quatro ou cinco meses". Para Lula, "os deputados devem estar com muita dificuldade de apurar a concretude das denúncias feitas".
Segundo ACM Neto, "essa declaração errática e inconseqüente provocou uma mobilização da base do governo. O quórum foi uma reação às declarações do presidente da República, que quer atribuir à CPI os descaminhos do Brasil."
A CPMI também decidiu quebrar o sigilo bancário, fiscal e telefônico da empresas de correio aéreo Beta Aeropostal e Promodal e dos diretores delas.
A CPMI continua em votação. São mais de 400 requerimentos diversos que estão sendo avaliados. Entre eles, convocações como a do assessor especial da Presidência da República Gilberto Carvalho, acareação entre Marcos Valério e Duda Mendonça, e entre Roberto Jefferson e Maurício Marinho e também entre Roberto Jefferson e José Dirceu.