Brasília (AE) – Depois de duas semanas de paralisia, a CPI dos Correios voltou hoje (4) a trabalhar e aprovou mais de 60 requerimentos, entre eles 11 que quebram o sigilo bancário de corretoras acusadas de dar prejuízo aos fundos de pensão em operações com títulos públicos. A CPI, porém, não deverá ter nenhuma audiência amanhã (5), pois o doleiro Dario Messer, que deveria depor, não tinha sido encontrado até o início da noite de hoje.

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"Nada como a pressão dos meios de comunicação para minimizar o abafão", disse a senadora Heloísa Helena (Psol-AL). Além das 11 corretoras, os integrantes da CPI também aprovaram a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de todo o conglomerado da corretora Bônus Banval – são mais quatro empresas – e de seu dono Enivaldo Quadrado. A Bônus Banval foi a corretora que fez pagamento do PT ao PL.

Também foi aprovada a quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal do doleiro Najun Turner e de sua mulher Deusa Maria da Costa Silva. A CPI suspeita que Turner, que foi o doleiro da Operação Uruguai montada pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello no início da década de 1990, tenha atuado no esquema que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza criou para alimentar o caixa 2 do PT.

Na tentativa de desvendar esse esquema, a CPI dos Correios aprovou a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico do argentino Carlos Alberto Quaglia, que é dono da corretora Natimar e tinha uma conta na Bônus Banval. Esta corretora, que opera no mercado de ouro e dólar, foi usada para fazer pagamentos a deputados do PL. E a Polícia Federal tem indícios de que o doleiro Najun Turner pode ser o verdadeiro dono da Natimar. Turner, que foi convocado para depor na CPI dos Correios, está preso desde 31 de março deste ano, depois de ter sido condenado a dez anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro. O doleiro ficou conhecido em 1992, quando participou da montagem da Operação Uruguai, que tentou livrar o ex-presidente Collor do impeachment. Na época, assessores de Collor inventaram um empréstimo de US$ 3,7 milhões para tentar acobertar o dinheiro do esquema PC.

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Preocupados com a má repercussão diante da manobra para esvaziar a CPI dos Correios nas últimas semanas, os parlamentares da base aliada mantiver o quórum durante toda a sessão e aprovaram, em votação simbólica, a convocação de César Oliveira, dono da empresa de engenharia GDK, e de Guilherme Estrella, diretor de exploração e produção da Petrobras. A GDK foi a empresa que deu um jipe Land Rover para o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira. "Estava há quatro semanas tentando aprovar esses requerimentos", observou o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS). Ele protagonizou o único momento tenso hoje na CPI dos Correios, em um rápido bate-boca com a senadora Ideli Salvati (PT-SC) sobre a convocação do doleiro Adalberto Youssef. Ideli só aceitou aprovar a convocação do doleiro caso fosse aprovada a remessa, pelo Banco Central, da cópia de todos os empréstimos feitos por Marcos Valério para sua empresas e outras pessoas. Com esse pedido, a senadora petista espera encontrar algo que envolva o PSDB.

Os integrantes da CPI dos Correios aprovaram ainda a solicitação da lista de todos os cotistas do Opportunity Fund nas Ilhas Cayman e a transferência para a comissão do disco rígido (hard disc) apreendido pela Polícia Federal, na Operação Chacal, na sede da empresa de fundo de investimentos. Os integrantes da CPI aprovaram também o compartilhamento com a CPI do Mensalão da quebras dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de 10 fundos de pensão. Relatório parcial da CPI dos Correios já detectou prejuízo de R$ 9 milhões em seis de 10 fundos de pensão.

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