Para que esclareça os 161 telefonemas que trocou com os principais envolvidos no "mensalão", a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos reconvocará para depor o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio a Micros e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto. O presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), disse que o requerimento para que Okamotto compareça, novamente, à comissão será votado na próxima semana. Ele foi ouvido no fim de novembro, mas as explicações sobre o fato de ter quitado uma dívida de R$ 29.400 00 mil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PT não convenceram os senadores.

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Para Morais, a ligação de Okamotto com o ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do partido Delúbio Soares com o publicitário Duda Mendonça e outros investigados comprovam que a CPI está no caminho certo ao suspeitar da origem do dinheiro usado na quitação da dívida de Lula. O presidente da CPI dos Bingos prevê que as informações serão levadas em conta no Supremo Tribunal Federal (STF), caso o presidente do Sebrae recorra, novamente, para brecar as investigações de que é alvo. "É um fato novo; não vou dizer que inviabilizará uma nova liminar, mas, com certeza, vai dificultar para ele (Okamotto)", prevê.

Morais defende uma "adequação" no período da abertura das contas do presidente do órgão para atender à "delimitação temporal", sugerida pelo ministro Cézar Peluso, do STF, que preservou os sigilos de Delúbio.

Peluso justifica que, sem isso, Okamotto seria alvo de uma "devassa ampla, inútil, impertinente e inconcebível". O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) disse que não acreditou nas explicações do presidente do Sebrae, quando disse ter pago a dívida à revelia do presidente e em dinheiro vivo. "Ele (Okamotto) falou que retirou o dinheiro do banco; eu acho que ele mentiu, mas podemos restringir o fim do sigilo ao período em que isto aconteceu", afirma. Barros lembra que, comprovada a mentira, ficará provado que Lula cometeu crime de responsabilidade, ao endossar uma versão falsa sobre a origem dos recursos.

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No entender do senador Romeu Tuma (PFL-SP), as informações "mostram, claramente, a ligação entre Okamotto e os acusados do ‘mensalão’". Tuma afirma acreditar que caberia agora ao presidente do Sebrae pedir para dar a versão sobre essa ligação na CPI. "Ele deveria oferecer-se para depor", disse. O senador do PFL de São Paulo endossou a posição de Morais de prorrogar a investigações, caso não receba a tempo os dados pedidos ao Banco Central (BC), Receita Federal e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Se isso não for feito, prevê que a sociedade terá razões de sobra para reclamar. "Não se pode encerrar uma CPI de muletas", alega. Tuma disse que será o primeiro a colher as assinaturas de prorrogação, se perceber "tentativas" de abafar as apurações.