A CPI dos Bingos quer convocar mais uma vez o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. O requerimento que pede sua reconvocação, de autoria do senador José Jorge (PFL-PE), deve ser votado amanhã na sessão administrativa da comissão parlamentar. Além disso, a CPI pretende reforçar ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de autorização para quebrar o sigilos bancário, fiscal e telefônico de Okamotto.

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Entre os argumentos utilizados pelos senadores para justificar a necessidade de quebra dos sigilos de Okamotto e sua reconvocação está a entrevista dada pelo ex-deputado Roberto Jefferson à Agência Estado no final de semana. Na entrevista, Jefferson afirmou que, se quebrar o sigilo de Okamotto, a situação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se complicaria. O deputado cassado disse que o presidente do Sebrae serve de prova contra Lula da mesma forma que o Fiat Elba comprado por PC Farias ligou o ex-presidente Fernando Collor de Mello ao esquema de corrupção.

Hoje o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) defendeu a convocação. "Agora, mais do que nunca, temos que obter os dados dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Okamotto", disse o parlamentar.

Amigo de Lula, Okamotto afirmou ter pago em 2004 uma dívida de R$ 29,4 mil que o presidente tinha com o PT. O dinheiro foi registrado na prestação de contas do partido de 2003. Sobre o pagamento da dívida de Lula, Okamotto disse que seguiu a orientação do então tesoureiro do partido Delúbio Soares.

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Mesmo impedidos pelo Supremo de ter acesso aos sigilos do presidente do Sebrae, técnicos das CPIs dos Correios e dos Bingos combinaram esforços secretamente e descobriram 161 ligações trocadas por ele com os principais investigados no escândalo do mensalão.

O rastreamento dos peritos dá uma boa amostra da proximidade de Okamotto com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e com o publicitário Duda Mendonça, por exemplo.

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Detalhando os cruzamentos, o rastreamento dos técnicos mostra que Okamotto trocou pelo menos 56 telefonemas com Delúbio Soares entre março e novembro de 2002. As ligações eram trocadas da casa ou do celular do então tesoureiro com o celular de Okamotto Ao todo, os peritos identificaram 94 minutos de conversas.

Sem convencer

Na primeira vez que prestou depoimento à CPI, em novembro do ano passado, Okamotto não conseguiu convencer os parlamentares de que quitou legalmente a dívida que Lula tinha com o PT. Ele disse que quitou o débito à revelia do presidente, "para não constrangê-lo". "Foi um dos piores depoimentos na CPI, ele foi nocauteado várias vezes, ficou no nhenhenhém e só aumentou as suspeitas", criticou à época o líder do PFL, José Agripino Maia (RN).

O que mais irritou os parlamentares da comissão durante o primeiro depoimento foi o fato de Okamotto não ter apresentado provas de sua versão. Ele também não conseguiu ser convincente ao dizer que tomou a decisão de pagar a dívida porque Delúbio foi "implacável" ao exigir a quitação de todas os débitos de Lula com o PT.