O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, é aguardado na CPI do Bingos na próxima terça-feira. Se ele não comparecer, será convocado. O convite para Palocci depor desta vez em data previamente acertada, foi feito hoje (7) à tarde, após o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), ter relatado os termos da conversa que teve com o ministro na noite de terça-feira. Efraim disse que ele ligou para avisar, de forma educada, que não queria depor este ano. E que, portanto, recuava do acordo feito com os senadores há menos de um mês, de trocar a convocação por um convite para falar à comissão no dia combinado. De acordo com o senador, o ministro disse, ainda, que preferia ter o "assunto" submetido à votação. Ou seja, que preferia correr o risco de ser convocado em vez de acertar um convite para se explicar à CPI ainda este mês. Antes dele, Efraim disse que o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, telefonou fazendo uma sondagem sobre a sua reação.

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"Eu avisei que iria colocar o requerimento em votação porque entendo que a atitude do ministro foi desrespeitosa ao acordo firmado entre oposição e governista", informou. O senador Flávio Arns (PT-PR) recebeu a incumbência de comunicar a decisão a Palocci. Até o início da noite, como não tinha conseguido falar com o ministro, que estava despachando no Planalto, Arns deixou recado com Murilo Portugal e com o chefe de gabinete, Marcos Galvão. "Eles disseram que o ministro continua totalmente disponível para atender à CPI, mas acham que não deve ser já", informou o senador.

Efraim disse que se sentia constrangido em renovar o convite diante da postura de Palocci, de ignorar a "tolerância" como foi tratado pela CPI. "Era a oportunidade dele se defender perante a sociedade e ele recusou", alegou. Sua postura foi contestada pelos senadores de oposição. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) alegou que ele recebeu "poderes" da comissão para marcar a data do depoimento do ministro ou de chamá-lo para um entendimento. "O que todos concordavam é que essa luta de votar um requerimento (de convocação) é um pouco como invadir uma porta já aberta", argumentou. Foi apoiado pelos líderes do PFL, José Agripino (RN) e do PSDB, Arthur Virgílio (AM) e pelo relator, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN). O relator alegou que cabia a Efraim cumprir com a delegação que recebeu da CPI, de acertar o depoimento do ministro e "de fazer chegar ao ministro a informação de que ele deve vir à CPI no dia 13", sendo apoiado pelos demais senadores presentes.

A oposição reagiu, em grande parte, contra a estratégia montada pelos governistas que confiavam no voto do representante do PDT, senador Augusto Botelho (PDT), para derrubar o requerimento de convocação por oito votos contra sete. O ministro Palocci chegou a ligar para o líder do partido, Osmar Dias (PR) explicando sua situação. Só que não convenceu, já que ele e o senador Jefferson Péres (PDT-AM) fecharam questão pela "necessidade" de o ministro depor ainda este ano.

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Para evitar bronca dos petistas Tião Viana (AC), que tinha ido acompanhar a mulher a uma consulta médica em São Paulo e Eduardo Suplicy (SP), recebido em audiência pelo ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, foi montado em poucos minutos uma espécie de "dossiê" mostrando que ele recuara no acordo. A prova está nas afirmações que eles e o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP) fizeram sobre a disposição do ministro de atender imediatamente ao convite da CPI mediante um simples telefonema do presidente da comissão.