CPI dos Bingos convoca vice-presidente de Tecnologia da Caixa Econômica

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos convocou hoje a vice-presidente de Tecnologia da Caixa Econômica Federal (CEF), Clarice Coppetti, para prestar esclarecimentos sobre a violação da conta bancária do caseiro Francenildo dos Santos Costa, mais conhecido como "Nildo". Autor do requerimento chamando-a a depor, o líder da minoria no Senado José Jorge (PFL-PE), disse esperar que Clarice dê informações sobre o funcionamento do sistema e que, desta forma, ajude a identificar quem abriu a conta de "Nildo". Membro da subcomissão encarregada de investigar o episódio, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) lembrou que a gerência supostamente responsável pela retirada do extrato dele está subordinada ao órgão onde ela é lotada. Como a convocação ocorreu há menos de 24 horas, o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), deixou em aberto a data do comparecimento, se ainda amanhã (23) ou se na terça-feira (28).

Os senadores Tião Viana (PT-AC) e Wellington Salgado (PMDB-MG) e a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), manifestaram-se contra a presença de Clarice para falar da violação da conta de "Nildo", que desmentiu o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sobre as supostas idas na casa do Lago Sul onde se reuniam amigos de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, para tratarem de negócios e fazer festas. Eles alegaram que o assunto não está afeito à comissão e que, portanto, concordavam apenas com a parte do requerimento de Jorge que afirma querer ouvi-la sobre a compra de 25 mil terminais de computadores, intermediada pela empresa Diebold Procomp. De acordo com o líder da minoria no Senado, a CPI tem indícios de que a empresa teve participação no processo de renovação das loterias da CEF com a multinacional Gtech. "Além disso, a quebra do sigilo telefônico de Ralf Barquete registrou 161 ligações entre ele e o presidente desta empresa, João Abud Júnior", informou Jorge, referindo-se ao então assessor da Caixa Econômica e ex-secretário de Palocci na prefeitura de Ribeirão. Barquete morreu, de câncer, em junho de 2004.

A mesma subcomissão da CPI, mais o senador Romeu Tuma (PFL-SP), que esteve ontem (21) com um dirigente da Caixa para tratar da identificação do responsável pela violação do sigilo do caseiro, pedirá à Polícia Federal (PF) que apresse as investigações. Tuma disse que a medida é necessária para impedir que as provas sejam destruídas nos 15 dias pedidos pelo banco para descobrir o culpado. O prazo foi motivo de comentários na CPI. Para provar que não há má-fé da parte da entidade, Salgado disse que a demora se deve a "questões jurídicas". Como prova, afirmou que gostou da recepção que os membros da CPI tiveram na instituição financeira, no dia anterior: "Estavam todos sentados lá, alguns com a cara não muito boa", afirmou.

Jorge disse que, quando soube do prazo de 15 dias para saber como é que foi feita a violação do sigilo de "Nildo", conversou com amigos da área de informática de bancos privados "Eles disseram-me que os bancos privados do porte da Caixa fariam a mesma coisa em apenas 15 minutos." Ele ironizou: "Na realidade, não conheço nenhum sistema de informática que demore 15 dias para dar uma resposta. Sou obrigado a acreditar no que estão falando, de que estão, mesmo, é procurando um bode expiatório." Na opinião de Jorge, a situação é mais grave para os que, como ele, são correntistas da instituição " porque, se alguém invadir nossa conta, teremos de esperar 15 dias para saber quem foi que fez isto".

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