Depois de rejeitar uma primeira convocação, o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deverá prestar depoimento amanhã à CPI dos Bingos. O presidente da comissão, senador Efraim Moraes (PFL-PB), marcou a inquirição para a manhã de hoje e Teixeira adiantou a integrantes da CPI que quem tentar explorar sua ligação com Lula "vai quebrar a cara". O advogado foi intimado pela segunda vez na noite de terça-feira, quando sua mulher, Elvira Teixeira, assinou o documento de convocação. O advogado chegou hoje à Brasília e Efraim avisou que, se ele se recusar novamente a comparecer à CPI, vai recorrer à Polícia Federal para trazê-lo à força.
A comissão investiga denúncias feitas pelo economista Paulo de Tarso Venceslau, que foi secretário de Finanças de gestões petistas nas prefeituras de Campinas e São José dos Campos. De acordo com Venceslau, prefeituras controladas pelo PT eram forçadas a firmar contratos sem licitação com a Consultoria para Empresas e Municípios (CPEM), ligada a Teixeira. Segundo o economista, tais contratos garantiam à CPEM faturamento vinculado a números irreais da receita dos municípios referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Quando depôs na CPI, Venceslau disse ter ouvido o atual presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamoto, ex-caixa de campanhas de Lula, dizer que a CPEM custeava a Segunda Caravana da Cidadania, nome dado a excursões que hoje presidente fazia pelo interior do País Teixeira fez chegar a integrantes da CPI a informação de que negará ter patrocinado essa caravana.
Em 1992, Venceslau denunciou à uma comissão especial criada pelo PT o esquema supostamente patrocinado pela CPEM. Na época, suas acusações foram em grande medida confirmadas pelos três integrantes da comissão: o economista Paul Singer, o ex-deputado Hélio Bicudo e o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).
O único punido, porém, foi o próprio Venceslau, que acabou expulso do partido.
Teixeira avisou à CPI que vai repetir o que Okamotto disse sobre Venceslau em acareação realizada há cerca de 15 dias. Na ocasião enquanto o economista exibia documentos na tentativa de comprovar suas acusações, o presidente do Sebrae se limitava a dizer seu algoz mentia e delirava.
O advogado é padrinho do filho caçula do presidente, Luiz Cláudio. É conhecido como "mecenas de Lula", por ser dono da casa onde o então sindicalista e hoje presidente morou por mais de dez anos sem pagar aluguel. Recentemente, foi acusado de defender de forma suspeita os interesses da empresa aérea Transbrasil.