O vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura denúncias de compra de votos no Congresso Nacional (CPI do Mensalão), deputado Paulo Pimenta (PT-RS), disse hoje (27) que o deputado Roberto Jefferson deve ser ouvido na próxima quarta-feira (03). Jefferson tornou público o suposto esquema de pagamento de mesadas na Câmara dos Deputados a parlamentares do PP e PL em troca de apoio ao governo federal.
Pimenta entende que Jefferson deve ser o primeiro a comparecer à CPI para confirmar as denúncias – já apresentadas ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara e à CPI dos Correios. "Estamos mantendo contatos com a CPI dos Correios e com a Corregedoria da Câmara para obter documentos e cópias dos depoimentos colhidos pelos órgãos. A nossa primeira tomada de depoimento será do deputado Roberto Jefferson", afirmou Pimenta.
Para agilizar os trabalhos da comissão, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) começou a colher assinaturas para a autoconvocação da CPI do Mensalão. A Comissão foi criada há mais de 15 dias, mas só se reuniu uma vez para eleger a sua Mesa Diretora. Jungmann quer fazer com que a CPI se reúna o mais rápido possível para votar requerimentos de convocação de supostos envolvidos na compra de votos no Congresso Nacional.
"Começa mal essa CPI. Ela é a mais complicada porque vai cortar na carne do próprio Congresso. Transcorridos quinze dias do início da CPI, nada acontece", enfatizou. Jungmann espera que a CPI possa se reunir no máximo até segunda-feira (01) para elaborar o cronograma de trabalhos e definir os primeiros depoimentos.
O deputado Raul Jungmann, no entanto, questiona o fato de a CPI ter marcado um depoimento sem colocar a proposta em votação. "Ninguém tem poderes para convocar quem quer que seja. Só quem decide isso é o plenário da Comissão reunido, e ainda não deliberamos sobre essa e outras questões", disse Jungmann.
O vice-presidente Paulo Pimenta afirmou que, na próxima segunda-feira (01), a CPI terá reunião interna para procedimentos administativos – o que inclui a votação do requerimento de convocação do deputado Roberto Jefferson.
Raul Jungmann defende que a CPI vote, em sua primeira reunião de trabalho, requerimento de sua autoria no qual questiona a ética do relator da Comissão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG). "É um constrangimento termos um relator envolvido com o principal financiador do mensalão. Há conflito de interesses", afirmou Jungmann. O deputado é acusado de ter recebido recursos do publicitário Marcos Valério durante campanha eleitoral de 1998, não declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Abi-Ackel nega as denúncias.