Funcionários de operadoras de telefonia móvel têm sido cooptados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para dar informações sobre investigações policiais que solicitam dados sobre telefonemas feitos por integrantes da facção criminosa, revelaram ontem autoridades estaduais que participaram de audiência pública na CPI do Tráfico de Armas. No Mato Grosso do Sul, alguns empregados dessas empresas foram presos e estão sendo investigados por suspeita de colaboração com o crime organizado.
O deputado Neucimar Fraga (PL-ES) pediu mais informações sobre as prisões para convocar os funcionários a dar explicações à CPI. "O PCC controla o fluxo das informações que são pedidas às operadoras durante as investigações", disse o relator, Paulo Pimenta (PT-RS). Os parlamentares lembraram que a CPI está na fase de recebimento dos dados da quebra de sigilo telefônico, bancário e fiscal dos suspeitos de participação no crime organizado. Novas quebras de sigilo continuam sendo pedidas e aprovadas pela CPI.
Durante sessão reservada, alguns secretários e policiais entregaram relatórios sobre a ação do PCC em seus Estados. As secretarias estaduais de segurança vão preparar, ao longo do mês de setembro, dossiês mais detalhados, que serão discutidos em reunião marcada para o dia 5 de outubro, no Ministério da Justiça.
Representantes do governo federal, dos governos estaduais e do Ministério Público acertaram com os parlamentares da CPI a formação de um grupo de trabalho voltado para o combate ao PCC nas várias regiões onde atua. "Os relatos confirmaram a constatação de que o PCC ultrapassou os limites de São Paulo, se espalhou pelo País e já tem bases em países como Paraguai e Bolívia", disse o presidente da CPI, Moroni Torgan (PFL-CE).
Segundo Moroni, as autoridades começaram a traçar uma ação conjunta para "estrangular os recursos do PCC". A tentativa é localizar o máximo de contas bancárias usadas pelos criminosos e obter o bloqueio desses recursos. Investigações do Ministério Público e da polícia paulista encaminhadas à CPI já apontaram a existência que cerca de cem contas, correntes e de poupança, espalhadas por vários bancos, em vários Estados.
Essas contas são registradas nos livros de contabilidade do PCC e usadas para pagar prestadores de serviços, como advogados, e transferir ajuda a parentes de presos.
