Costumes tropeiros que influenciaram o Sul são apresentados em Castro

A força do passado tropeiro paranaense está expressa em tudo o que se faz, festeja e se diz. Essa afirmação é consenso entre os três palestrantes do terceiro dia do I Encontro Paranaense de Cultura Popular que encerra no domingo( 24), em Castro. O evento é organizado pela Secretaria de Estado da Cultura em parceria com a Prefeitura Municipal.

De acordo como o pesquisador Henrique Paulo Schmidlin, da Coordenadoria do Patrimônio Cultural da Secretaria, o movimento tropeiro foi responsável pela conquista do Sul do Brasil, uma vez que, pelo Tratado de Tordesilhas, este território pertenceria à Espanha e não a Portugal. "Os tropeiros eram responsáveis por todo o transporte de mercadorias. Eles foram o que hoje são os caminhões de carga. Portanto, nas rotas dos tropeiros formaram-se as cidades e todos os serviços dos quais os tropeiros precisavam", enfatiza.

De Viamão (RS) a Sorocaba (SP) os tropeiros levavam os ?muares semoventes? (mulas que se movem por si mesmas), e por mais de 200 anos percorreram este caminho. "As mulas são extremamente fortes e têm uma capacidade de equilíbrio muito grande, por isso atravessavam caminho difíceis com muita carga e passividade", observou o palestrante Francisco Filipack, professor de Teoria Literária e autor do Dicionário Sócio-lingüístico Paranaense.

Os tropeiros e seus peões gostavam muito de usar metáforas substantivas em seu linguajar. De sua pesquisa, o professor Filipack listou algumas para apresentar em Castro: cair do cavalo / dar com os burros n´água / negar o estribo / cavalo dado não se olha os dentes / tirar o cavalo da chuva / forrara a guaiaca / crescer como rabo de cavalo / bater estribo / andar no cabresto / bater bruaca / estar de pito acesso / amarrar o burro / cor de burro quando foge / procurar chifre em cabeça de cavalo / fazer uma vaquinha / endireitar a cangalha / ir para a barroca.

Para a professora Lea Maria Cardoso Vilela, todo o artesanato feito em madeira, como as mulinhas com balaios, em argila, palha de milho, taquara, lã de carneiro, vime e nó de pinho, é herança dos tropeiros, que formaram verdadeiros corredores culturais por onde passaram. "Em Castro, ainda hoje, mantemos grande parte dessas tradições. Toda a nossa literatura oral, brincadeiras infantis, festas religiosas, adivinhas, anedota e histórias de assombração têm referência no tropeirismo", reforça.

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