O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, reafirmou, nesta terça-feira, que recebeu R$ 6,5 milhões do PT pelo acordo fechado entre os partidos nas eleições de 2002, quando foi feita a aliança PT-PL.
Segundo Valdemar, o recurso foi utilizado para o pagamento de despesas, em São Paulo e na região metropolitana, da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições. "Mandava fazer botton, mandei fazer adesivo, camiseta, banner. Rodei tudo em São Paulo", disse Valdemar.
O presidente do PL renunciou ao mandato de deputado federal no dia 1º de agosto depois de afirmar em plenário da Câmara dos Deputados que recebeu recursos do PT não declarados à Justiça Eleitoral, o chamado caixa 2. Ele afirmou aos parlamentares que o acordo inicial com o PT era de que o PL recebesse R$ 10 milhões, mas que isso não foi cumprido. Valdemar disse ainda que não tem documentos que comprovem o recebimento dos R$ 6,5 milhões e tem apenas recibos de R$ 1,7 milhão.
Valdemar afirmou que não repassou nenhum recurso a deputados do PL. "Na medida em que os repasses eram liberados eu mandava chamar os credores para o recebimento. Sempre seguindo a relação que estava em meu poder". Valdemar disse que as últimas parcelas dos R$ 6,5 milhões foram recebidas por ele 18 meses após a campanha de 2002.
Segundo Valdemar, os credores do PL recebiam a verba em Brasília e em São Paulo. "Os nomes de cada fornecedor, que somam algumas dezenas, e os respectivos valores pagos serão identificados a partir do cruzamento de dados com a contabilidade do PT, que eu não tenho ainda". O presidente do PL encaminhou hoje à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Compra de Votos uma lista com alguns nomes desses credores.
Ele disse ser o único responsável no partido pelas encomendas de material e pelos pagamentos efetuados. "Não quero criar laranjas, nem jogar a culpa sob qualquer pessoa", declarou. Valdemar Costa Neto afirmou ainda que recebeu três cheques da agência de publicidade SMP&B ? do empresário Marcos Valério ? que estavam emitidos para a empresa Garanhuns Empreendimentos e Participações Ltda. Segundo ele, foram dois cheques de R$ 500 mil e outro de R$ 200 mil.
"Eu nunca tinha ouvido falar em Garanhuns", afirmou Valdemar. Ele disse que foi entender a relação da SMP&B quando leu parte do depoimento do empresário Marcos Valério à Polícia Federal. "Na época, foi firmado um contrato entre a SMP&B e a empresa Garanhuns para justificar a saída de recursos. Esse é o depoimento do sr. Marcos Valério", relatou Valdemar.
Valdemar Costa Neto depõe na CPMI da Compra de Votos. O depoimento começou por volta de meio-dia.