A valorização do real em relação à moeda norte-americana (a alta acumulada desde 2002, quando um dólar valia R$ 3,50, é de 102,6%), começa a afetar o desempenho dos maiores exportadores brasileiros, dentre eles a indústria automotiva. O setor, na realidade, foi um dos últimos a sentir os efeitos da retração porque seus contratos de embarque de produtos para os mercados importadores se prolongam por até três anos.
Esse efeito negativo, no entanto, está sendo compensado em parte pelo aquecimento das vendas no mercado interno, o que não deixa de significar para os grandes grupos industriais uma relativa tranqüilidade quanto a um futuro ainda mais promissor em termos de vendas.
Manifesta-se, porém, entre os segmentos colocados no topo da lista de exportadores brasileiros a percepção de que o principal perdedor é o País, que se priva da vantagem de operar como uma plataforma de exportação. As multinacionais, por exemplo, não perdem nada, porque transferem as encomendas para suas filiais estabelecidas em outros países. A avaliação foi feita por José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB).
Com raras exceções, as montadoras de veículos automotivos atuantes no Brasil estão contabilizando a redução de suas vendas para o exterior este ano, numa proporção que varia entre 15% e 20%. O pior cenário é que não se pode desconsiderar a alternativa de cortes mais expressivos nos próximos exercícios.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, na primeira semana de novembro, a balança comercial brasileira apresentou saldo positivo de US$ 269 milhões, diferença entre os US$ 914 milhões de exportações e as importações de US$ 645 milhões. No ano, o superávit comercial está em US$ 34,645 bilhões, já acusando a queda de 10,4% em comparação com o desempenho do mesmo período em 2006.
Terceira maior exportadora do País, depois da Petrobras e Vale do Rio Doce, a Embraer trabalha com carga máxima para manter o planejamento anual de entregar 165 aviões. De janeiro a setembro do corrente, a antiga estatal aumentou as vendas para o exterior em US$ 2,35 bilhões, ou seja, 34% de acréscimo sobre o resultado obtido no mesmo período do ano passado. Para a Embraer, o céu é de brigadeiro.
