A cada semana, quase a cada dia, acompanhamos operações da Polícia Federal (PF). São várias e várias investigações de desvios de dinheiro público, apropriações indébitas, crimes de ?colarinho branco?, estelionatos…
Em resumo, irregularidades por todo lado. Acompanhar as notícias traz a sensação que nada do que está sendo feito pela responsabilidade e pela ética está valendo.
Muito pelo contrário. As operações da PF só acontecem porque há órgãos públicos que estão encontrando os problemas e os desvios de conduta (e de dinheiro) e estão acionando o Ministério Público. Este, com espírito ético, trabalha com rigor, detectando as falhas e criando, juntamente com a Polícia Federal, operações que desvendam os autores das irregularidades.
Por isto elas aparecem tão claramente na mídia, porque estão sendo feitas. Por vários e vários anos, iniciativas como estas eram brecadas dentro dos próprios governos. Não interessava para alguns governantes e ainda não interessa para os que não querem ver suas falhas descobertas a sociedade saber que há pessoas que não poderiam ocupar funções públicas.
Foi assim em bom tempo do regime militar. As investigações eram deixadas de lado, e o máximo que acontecia era o afastamento do funcionário que cometera a irregularidade. Ou, pior, era afastado quem tinha feito a denúncia, como aconteceu com um ministro durante o período.
Agora saem e são presos os que estão envolvidos. Foi assim no escândalo do mensalão, está sendo assim (é o que tenta a Justiça) na última operação Satiagraha.
Não é assim só no Brasil. Em Israel, o primeiro-ministro Ehud Olmert é acusado de fraudar instituições públicas durante viagens oficiais. Ele foi interrogado duas vezes na semana passada. E a população israelense acompanha com atenção e preocupação as notícias, que podem causar estrago na política local. Mas passará a investigação, serão encontrados os culpados (ou inocentes), e o país seguirá seu rumo. E nós, por aqui, também temos que seguir nosso caminho.