A indústria da corrupção movimenta anualmente US$ 1 trilhão em todo o mundo,
segundo dados do Banco Mundial (Bird). De acordo o chefe da delegação do banco,
Daniel Kaufmann, que participa do 4° Fórum Global de Combate à Corrupção, em uma
escala que mede os níveis de corrupção em 205 países do mundo, o Brasil ocupa
posição intermediária.
"Há países que estão em crise de corrupção. Esses
estão na linha vermelha, como no caso do Zimbábue e da Guiné Equatorial. Depois,
há os que estão na luz verde, que estão muito bem, como os países bálticos e os
países que acabam de ter acesso à União Européia. Há também os países que têm
muitos desafios, são os alaranjados e há os que estão no meio de tudo, são os de
luz amarela, como o Brasil".
Essa é a primeira vez que este fórum, que se
realiza a cada dois anos, tem sede na América Latina. De acordo com o
representante do Bird, a melhoria nos índices de analfabetismo, do aspecto
social e a diminuição da mortalidade infantil são essenciais no combate à
corrupção. "Há indicadores que apontam que o combate à corrupção é tão
importante para o desenvolvimento social quantocomo os investimentos
econômicos", disse. Segundo Kaufmann, nos últimos anos, diminuiu o combate à
corrupção no mundo. "Nos últimos oito anos a corrupção sofreu uma queda em todo
o mundo e não melhorou no Brasil". No entanto, ele ressaltou que entre 1995 e
1998 o país conseguiu controlar a inflação de forma mais efetiva.
Sobre
as denenúncias de corrupção revelados nas últimas semanas no Brasil, Kaufmann
esclareceu que não conhece a realidade nacional a fundo, mas lembrou que "todos
os países têm escândalos e o que importa é como a sociedade, o governo e o país
reagem a isso". Ele disse também que, nem sempre a revelação de escândalos
significa o aumento da corrupção, lembrando que, hoje, há muito mais abertura no
país para as informações do que há 50 anos. "O Brasil está na luz amarela.
Agora, vocês decidem se o vaso está meio cheio ou meio vazio para uma potência
como o Brasil e se perguntem como, nos próximos dez anos, pode-se chegar à luz
verde".
Para o chefe da delegação do Bird, é preciso fazer um controle
rigoroso e cuidadoso da corrupção e estar atento ao sensacionalismo que envolve
casos ligados à mesma. "É muito importante estar ciente de todos os fatos, da
forma como eles ocorreram e dar a possibilidade aos governos e aos acusados de
se defenderam. Não se pode deixar tal avaliação a cargo dos meios de
comunicação. É preciso ver qual é a realidade e quais são as reformas
necessárias."
A classificação do Banco Mundial não é organizada em um
ranking e foi feita a partir de dados recolhidos entre 1996 e 2004, de mais de
38 fontes institucionais de diversas partes do mundo. O estudo analisou, além do
controle da corrupção, cinco áreas de governabilidade, entre elas voz e
prestação de contas; estabilidade política e ausência de violência; efetividade
governamental, qualidade regulatória e estado de direito.
