As denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e a reforma política foram os temas principais do programa Diálogo Brasil, transmitido na noite desta quarta-feira pela TV Nacional. Entre os participantes, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), integrante da vice-liderança do partido na Câmara, defendeu mudanças urgentes na legislação que rege a política no país.
"A corrupção começa no financiamento da campanha. Ou colocamos a reforma política para a sociedade agora, aproveitando o momento de crise para dar o salto de qualidade, ou perderemos uma oportunidade histórica e veremos novas CPIs se repetirem", alerta Cardozo, advogado e procurador de São Paulo.
Apresentado pelo jornalista Florestan Fernandes, o programa Diálogo Brasil também contou com a participação, em Brasília, do relator da CPMI dos Correios, deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), do vereador José Aníbal (PSDB), nos estúdios da TV Cultura de São Paulo, e do cientista político Cândido Mendes de Almeida, nos estúdios da TVE Brasil, no Rio de Janeiro.
A respeito das denúncias de Jefferson, o relator da CPMI dos Correios afirmou que até então nunca havia ouvido falar de "mensalão", suposto pagamento de parlamentares em troca de apoio ao governo denunciado pelo deputado Roberto Jefferson.
"Ouvia falar que havia negociação para mudança de partido, mas nada parecido com o chamado mensalão", revelou Serraglio, que também opinou sobre a necessidade de reformas políticas. "A reforma que na Comissão de Constituição e Justiça para análise é restrita e precisa ser ampliada. Hoje quem tem dinheiro faz showmícios onde se gastam fortunas. Com isso, são conduzidas ao legislativo pessoas distantes das bases."
De São Paulo, o vereador José Aníbal criticou o fisiologismo, caracterizado pela nomeação de profissionais indicados por partidos para o Executivo, e o excesso de cargos de confiança na administração pública. "O não avanço na reforma política nos transforma em principais agentes de desqualificação da política brasileira", acredita Aníbal.
Sobre as denúncias do deputado Roberto Jefferson, o ex-presidente do PSDB defende que o governo não fique "prostrado e haja para reverter a situação". De acordo com ele, o PSDB está cada vez mais confiante de que reúne condições para ganhar a próxima eleição presidencial.
"Mas é bom que fique claro: não fazemos da nossa prática política exercício de conspiração, não é golpismo", ressaltou Aníbal, que lamentou o fato do presidente, vice-presidente e relator da CPMI dos Correios fazerem parte de partidos da base aliada do governo. "Por outro lado, creio que estão se criando circunstâncias para que a investigação seja feita em profundidade."
Do Rio de Janeiro, o cientista político Cândido Mendes lembrou que a credibilidade das instituições brasileiras está em jogo neste momento. "O problema agora é a noção de que essa comissão cairá no ridículo caso não chegue a resultados", avalia o reitor da Universidade Cândido Mendes. "O Brasil que votou em Lula quer resolver situações muito mais graves. O Congresso não pode ficar paralisado em vão. As comissões que não dão em nada cansam o país."