O Brasil recebeu em 2004 a pontuação de 3,9 no Índice de Percepções de Corrupção divulgado na quarta-feira pela Transparency International. A nota reflete o grau de corrupção atribuído às relações entre o Estado e a sociedade de acordo com a opinião de observadores internacionais. O índice (que em 2004 inclui 146 países) classifica essa percepção numa escala de 0 a 10 – em 10 corresponde ao menor grau de corrupção percebido e 0 ao maior grau.
?O que o índice deste ano traz com relação ao Brasil é a falta de novidade?, avalia o diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo. O Brasil está estacionado com uma pontuação semelhante há sete anos. O desempenho do Brasil em 2003 foi idêntico ao de 2004 e foi de 4,0 em 2002 e 2001, 3,9 em 2000, 4,1 em 1999 e 4,0 em 1998.
Segundo Abramo, ?isso é muito ruim. Revela que, na percepção internacional, não está havendo no Brasil um combate à corrupção na medida que se imagina que deveria existir. Essa imobilidade é muito ruim para diferentes processos de decisão?. Ele considera que esse resultado pode influenciar nas decisões internacionais de investimentos no país. ?Por exemplo, decisões de investimentos são feitas em parte levando-se em consideração o grau de percepção de corrupção percebido num país. Se esse grau de corrupção é visto como imóvel, então isso significa que o risco enxergado naquele país para investimentos é grande. Se não está havendo nessa percepção uma melhoria nos números, quer dizer que aquele país e as instituições daquele país não estão dando motivos para que a confiança aumente e isso é muito ruim?, conclui.
Na opinião de Abramo, o que ocorre no Brasil ?é que os diferentes governos que têm se sucedido não têm tomado as medidas necessárias, com a agudeza necessária para combater a corrupção. E quais são essas medidas? São medidas de natureza estratégica. A corrupção nada mais é que uma manifestação de ineficiência do Estado?. O diretor da Transparência Brasil avalia que esse índice significa uma ausência de confiança na integridade dos negócios realizados nas três esfera do poder, mas que o governo federal possui responsabilidade maior. ?Ele pode ser o indutor de mudanças, pode ser aquele que coloca à disposição dos municípios mecanismos de aperfeiçoamento de suas estruturas administrativas, de forma a reduzir o desperdício e a corrupção. Na medida em que ele não faz, isso se reflete no índice. A forma como um país combate a corrupção é o que mais reflete nesse índice?.
O índice é estabelecido a partir de uma compilação de diferentes pesquisas realizadas ao longo de três anos (2002, 2003 e 2004) a respeito de cada país. No caso brasileiro, foram utilizados 11 levantamentos, realizados por sete instituições diferentes. Abramo alerta que o fato de o Brasil ter caído da 53ª para a 59ª posição não significa necessariamente uma deterioração de 11% na percepção de corrupção. O que vale é a nota, já que todos os anos entram novos países. Cláudio Weber foi empossado ontem no Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção vinculado à Controladoria-Geral da União (CGU).
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