Brasil precisa criar, "com urgência", um melhor ambiente de negócios se quiser atrair investimentos estrangeiros e crescer a taxas mais elevadas. A avaliação é do presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, ele criticou ainda o tamanho do déficit público no País e alertou: um clima permeado por escândalos de corrupção pode afugentar investidores
"No curto e médio prazos, o que o Brasil e seus governantes precisam fazer é criar um melhor ambiente para os negócios, por exemplo, com leis mais propícias, que facilitem o setor privado a operar", afirmou Wolfowitz. Na segunda-feira, a ONU publicou um relatório anual em que mostra que, enquanto os investimentos no mundo cresceram em 29% em 2005, o fluxo para o Brasil caiu 17%
Para Wolfowitz, outro desafio imediato do Brasil é "lidar com seu déficit público" e a solução não pode ser maiores taxas sobre empresas. ‘Resolver esse problema não será fácil, mas acredito que tenha uma relação direta com o tamanho da burocracia estatal.
O americano também apresentou sugestões para que o Brasil retome o crescimento no longo prazo. "A questão central será lidar com as desigualdades", afirmou. "Quando uma criança brasileira não tem boa saúde ou educação, o País é quem paga o preço por toda sua vida. Se essa criança tiver acesso à saúde e educação, porém o Brasil terá uma mão-de-obra produtiva, o que fará com que o País cresça de forma bem mais rápida no futuro.
Defensor da luta contra a corrupção como forma de garantir que o dinheiro enviado aos países pobres seja utilizado para o desenvolvimento, Wolfowitz preferiu não entrar em detalhes sobre os escândalos de corrupção no governo Lula. Mas alertou que se trata de um "problema estratégico". "Os países quem têm práticas claras e honestas incentivam investimentos estrangeiros. Se investidores não têm certeza de que as leis serão seguidas de forma justa, tendem a levar o seu dinheiro para um lugar mais seguro.
Ontem, em Genebra, Wolfowitz afirmou que a corrupção ameaça o esforço de combate à pobreza. "Cada dólar desviado pela corrupção é um dólar que não vai para a criação de emprego e para a saúde.
