Estar empregado no Brasil é um privilégio concedido a uma camada restrita da chamada população economicamente ativa (PEA). Num comparativo feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1996 o número de empregos no Brasil era de 21,601 milhões, saltando para 28,455 milhões em 2003.
A massa salarial paga em 1996 chegava a R$ 220,8 bilhões e sete anos mais tarde, em 2003, avançou para R$ 244,3 bilhões. No que tange ao porte, as micros e pequenas respondem por 99% do número total de empresas existentes no País, mas ao contrário do que se anuncia, geram menos de 70% dos empregos e pagam 41% da massa salarial auferida pelos empregados.
Essa realidade foi apontada na investigação feita por José Mauro Moraes, técnico em planejamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que também constatou que o valor médio dos salários tem despencado nos últimos anos.
Os números são claros ao expor a precária realidade do poder de compra de milhões de assalariados: em 1996 o valor médio do salário mensal era de R$ 786, mas apesar de toda a propaganda sobre a melhoria de vida dos brasileiros, a média salarial caiu para R$ 660 em 2003, e nada indica que tenha havido uma evolução mensurável nos últimos dois anos e meio. É uma interminável prova de corrida estacionária.