O presidente Lula passou a correr contra o calendário e, destarte, não esconde a impressão de ter despertado para a realidade gregoriana ao constatar que três anos de mandato se esgotaram, mas o saldo de realizações que o governo tem a oferecer à sociedade é mínimo.
Na reunião com os ministros, Lula pediu todo o empenho do primeiro escalão nos últimos doze meses de administração, até agora movendo-se no autêntico ritmo das tartarugas. O complicador é que vários ministros estão limpando as gavetas, pois deverão deixar os cargos para disputar o governo estadual ou cadeiras no Congresso.
Como se sabe, ministro recém-nomeado sempre gasta algum tempo para aclimatar-se à rotina burocrática. Por maior que seja a capacidade de trabalho, não é do dia para a noite que projetos entravados há três anos vão se transformar em realidade. A pressa do governo deveria ter sido antecipada em pelo menos dois anos.
Também não é oportuno bradar aos céus que o governo Lula fez mais que o anterior, quando não se consegue mostrar nenhuma obra de vulto ao eleitor. As rodovias federais continuam em estado de abandono às vésperas da temporada, assim como os hospitais públicos, as universidades e a segurança da cidadania, para citar escassos exemplos da inação governamental.
Em nenhum momento anterior Lula esteve tão motivado a assumir a postura de tocador de obras, quanto agora que se sentiu pressionado pelas duas últimas pesquisas de intenção de voto, nas quais a vitória de Serra é líquida e certa. O tempo é o senhor da razão, já dizia o azarado Fernando Collor.