As campanhas municipais mal começaram, mas já são visíveis as dificuldades enfrentadas pelos candidatos do PT em várias capitais e cidades importantes do País. O pior para alguns desses candidatos é que o nível da problemática tende a crescer no decorrer dos três meses de trabalho, período considerado relativamente curto para contornar adversidades e conseguir um alinhamento de forças capaz de levar à vitória.

continua após a publicidade

O único exemplo favorável ao PT está ocorrendo exatamente na maior cidade brasileira, São Paulo, onde a ex-prefeita e ministra do Turismo, Marta Suplicy, segundo a última pesquisa Datafolha lidera as intenções de voto com 38%, batendo Geraldo Alckmin (31%), Geraldo Kassab (13%) e Paulo Maluf (8%), com margem de erro de três pontos percentuais. Em outras capitais importantes como Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis, para ficar com poucos exemplos, os candidatos petistas ainda patinam quanto à preferência popular, embora na capital fluminense o até aqui favorito dos eleitores, senador Marcelo Crivella (PRB), conte também com a preferência irrestrita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na contramão do planejamento acalentado pelo diretório municipal que esperava obter o apoio de Lula para seu candidato, o deputado estadual Luiz Molon. A prova de que o PT carioca vai mal é que pouco antes do encerramento do prazo para as convenções o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) cancelou a adesão ao candidato petista.

Curitiba é mais um obstáculo para o PT, que não conseguiu formar coligação expressiva para facilitar o percurso de Gleisi Hoffmann, esnobada no primeiro turno por partidos importantes da base aliada, dentre eles PMDB e PTB, que optaram pelo lançamento de candidatos próprios, apesar dos baixos teores eleitorais. Pelo menos dois partidos da base, PP e PSB, desconsideraram o fato da pertença ao grande bloco governista no Congresso embarcando na campanha de Beto Richa (PSDB), cujo companheiro de chapa continuará sendo o atual vice-prefeito, o socialista Luciano Ducci.

Na hipótese bastante improvável de segundo turno a julgar pela situação de momento, tudo leva a crer que a oponente de Beto Richa será mesmo a candidata do Partido dos Trabalhadores. Sendo esse o quadro resultante da votação de 5 de outubro, não há dúvida de que o PMDB venha a participar do esforço para infligir uma derrota ao candidato tucano. Foi assim no segundo turno da reeleição de Cassio Taniguchi, quando os candidatos de oposição derrotados de cambulhada no primeiro turno, Maurício Requião (PMDB), Rubens Bueno (PPS) e Luiz Forte Netto (PSDB) passaram a pedir votos para o petista Angelo Vanhoni que, diga-se de passagem, conseguiu perder uma eleição praticamente assegurada. Na eleição seguinte, quando Vanhoni disputou com Richa, o PMDB sequer apresentou candidato, o que lhe acarretou a perda do deputado federal Gustavo Fruet e de toda a reduzida bancada de vereadores na capital.

continua após a publicidade

Apenas por esse histórico, não há como imaginar o PDMB fora do barco petista se houver segundo turno. O papel secundário será o resultado palpável do processo de desestruturação que transformou o partido num ponto de referência para ocupantes de cargos em comissão no primeiro escalão do governo e da malta de indefectíveis servidores sempre dispostos a agir como bajuladores do poderoso de plantão.

Enquanto isso, Gleisi se esforçará para semear uma imagem de simpatia e modernidade, valendo-se sempre que for de seu interesse pessoal da proximidade que desfruta junto a figuras importantes do governo federal. Vá lá que o expediente esteja desacreditado pelo uso indevido, mas pode funcionar. Não deixa de ser uma demonstração de prestígio falar ao telefone com o presidente da República, integrantes do núcleo duro do governo e assessores de alto coturno. Afinal, o clima é de campanha e, se pudessem, os candidatos utilizariam até mesmo a capacidade de fazer chover. 

continua após a publicidade