Correios: Auditoria da CGU aponta um prejuízo de R$ 64,7 milhões

A auditoria especial da Controladoria-Geral da União (CGU) que analisa contratos celebrados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) desde 1999, já apontou um prejuízo de R$ 64,7 milhões na estatal.

No dia seguinte à divulgação do segundo relatório, realizada na última segunda, os Correios questionaram, por meio de nota, os relatórios. A empresa afirmava que eles "não concluem pela existência de prejuízos nos contratos dos Correios, basicamente trazem recomendações, pedidos de complementação de documentos e informações e sugestões de melhorias em alguns processos".

O subcontrolador-geral da União, Jorge Hage, afirmou que mais irregularidades poderão ser encontradas. A auditoria da CGU, nos próximos meses, continuará a analisar a área de rede postal noturna, "que é a área onde nós temos encontrado o maior volume de irregularidades", disse o subcontrolador.

Também está prevista a conclusão e divulgação do relatório sobre a área das franquias dos Correios, "que é onde temos um dos maiores volumes de denúncia". As áreas de publicidade e propaganda e o contrato do Banco Postal também serão investigadas.

Ao todo, serão avaliados 600 contratos e mais de 400 licitações dos Correios. A CGU tomou a decisão de não esperar o término da auditoria para divulgar o resultado e, sim, ir fazendo isso aos poucos.

Diferentemente do que acontece na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, o cronograma de depoimentos não é divulgado pela CGU e o conteúdo é mantido sob sigilo.

A auditoria foi iniciada depois que a imprensa divulgou, em maio deste ano, uma fita de vídeo em que o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da estatal, Maurício Marinho, falava sobre a existência de um suposto esquema de corrupção na estatal, envolvendo arrecadação de fundos para o PTB.

Primeiro Relatório

O primeiro relatório parcial da auditoria foi divulgado no dia 12 de julho com o resultado da análise de 69 contratos e licitações feitos desde 1999 pelos Correios. O relatório concluiu que havia irregularidades na maioria dos contratos analisados, que envolveram mais de R$ 1,7 bilhão e geraram prejuízos de mais de R$ 54 milhões.

O relatório apontava irregularidades nos setores de aquisição e distribuição de medicamentos e compra de impressoras portáteis e na área de correio noturno. O chefe da Controladoria, ministro Waldir Pires, afirmou, ao divulgar o resultado, que as irregularidades encontradas são resultado de má administração na empresa: "Não temos dúvida de que todas as diretorias afastadas estavam envolvidas; umas mais, outras menos. Na verdade, isso é um problema de administração da empresa."

Segundo Relatório

O segundo relatório, divulgado na última segunda-feira (15), apontou um prejuízo de R$10,7 milhões em contratos realizados a partir de 2001. Foram encontradas irregularidades em obras de construção civil, manutenção de equipamentos de informática, aquisição de cofres, aquisição de selos lacres e no projeto Correio Híbrido Postal, que descentraliza a produção de documentos destinada a grandes clientes de correspondências.

A CGU apontou um possível pagamento de propina a empregados das áreas de Administração e Contratação, Engenharia e Patrimônio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) na compra de cofres eletrônicos. Nos serviços de manutenção de equipamentos de informática foi encontrada irregularidade na contratação de uma empresa em caráter emergencial, por dois meses, com valor R$ 408 mil superior ao estabelecido com licitação meses depois.

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