Correa defende parceria da Petroequador com a Petrobras

O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, deixou de lado o discurso em que tem anunciado uma revisão dos contratos com empresas petroleiras estrangeiras e defendeu, em entrevista, a realização de parceria da estatal Petroequador com a Petrobras no refino de óleo. Após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, Correa disse, no início desta tarde, estar disposto a trabalhar com o governo brasileiro para acelerar a integração da América do Sul. "A Petrobrás pode contribuir muito, sobretudo por causa da grande capacidade de refino, que faz tanta falta para um país como o Equador", afirmou.

Durante a campanha presidencial em seu país, Correa disse que os contratos do Estado com empresas petroleiras como a Petrobras eram "injustos" e precisavam ser revistos. Embora tenha se definido como "amigo de Hugo Chávez" e político "de esquerda", Correa não chegou a pregar a nacionalização dos recursos minerais equatorianos como fez o presidente da Bolívia, Evo Morales. O governo brasileiro mandou emissários avisarem que novos investimentos da Petrobras deixariam de ser feitos no Equador se a revisão dos contratos fosse desfavorável aos interesses da estatal brasileira. Entre esses novos investimentos estão a construção e a reforma de refinarias.

Na entrevista desta tarde, Correa disse estar interessado em projetos do governo Lula, como o de produção de biodiesel. Também defendeu a construção de ferrovias e pontes para ligar o Brasil à costa do Equador. Ele comentou especialmente a proposta de construção de uma hidrovia e uma rodovia que ligariam Manaus a Manta, no litoral equatoriano. A obra custaria cerca de US$ 2 bilhões: "Não pode haver integração sem desenvolvimento, com estradas e pontes unindo os países. É um projeto de muito interesse para toda a América do Sul, porque permitiria evitar, por exemplo, o transporte de cargas pelo canal do Panamá, o que leva muito tempo e dinheiro.

A Petrobras mantém dois campos petrolíferos e um oleoduto no Equador, num investimento total de US$ 430 milhões. A declaração de Rafael Correa, durante a campanha eleitoral, de que pretendia rever os contratos com as petroleiras deixou o governo brasileiro preocupado. Mas analistas internacionais avaliam que o presidente eleito – um ex-ministro de Finanças do Equador, com doutorado em economia nos Estados Unidos – tem postura menos radical que a do boliviano Evo Morales.

Nesta semana, o presidente Lula tem se dedicado a contatos com líderes "esquerdistas". Ontem, ele recebeu o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no Palácio do Planalto. Lula embarca logo mais para Cochabamba, onde se encontrará com Evo Morales. À noite, os dois participam da abertura da 2ª reunião de chefes de Estado da Comunidade Sul-Americana de Nações.

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