O primeiro tempo foi um show de horrores, em que o cuidado com a marcação se transformou em obsessão coletiva – e em faltas. Na tática de matar as jogadas, o São Paulo havia cometido 11 faltas com 16 minutos apenas de bola rolando. No minuto seguinte, Grafite teve a proeza de cometer mais duas, em seguida, até que o árbitro Sálvio Spíndola lembrou que tinha cartões no bolso e mostrou o amarelo para o centroavante.
Tanto São Paulo como Corinthians não abriram mão da disputa dura e colocaram a defesa acima de tudo. Leão e Tite optaram pelo sistema de três zagueiros e meio-campo com cinco jogadores. Os atacantes ficavam isolados e se deslocavam como baratas tontas em busca da bola que não chegava. Por isso, o primeiro lance de emoção surgiu aos 28 minutos, com Diego Tardelli completando para as redes lançamento que veio da intermediária. A torcida tricolor festejou nas arquibancadas, mas à toa: o atacante estava impedido.
O segundo lance, na prática o primeiro que valeu, demorou mais oito minutos. Aos 36, Rogério Ceni cobrou falta e obrigou seu colega de ofício Fábio Costa a fazer boa defesa. No finalzinho, o Corinthians assustou o rival, com confusão na área e aos 45 Diego Tardelli, em posição legal, arriscou chute a gol. Tudo somado, foram quase dois minutos aproveitáveis nos 46 iniciais. “A partida está truncada, concentrada no meio-campo” reconheceu César Sampaio, que ainda levou cartão amarelo aos 39.
Os dois times adoçaram a boca dos 31.225 pagantes no começo da etapa final. Em pouco mais de um minuto, são-paulinos e corintianos tiveram pelo menos uma boa arrancada para o ataque. O jogo ficou mais veloz e aos 6 Danilo entrou livre na área, mas Felipe Alvim salvou, ao travar o chute.
A torcida tratou de fazer sua parte, com batuque e fumaça colorida. Agitação que seria complemento ideal para um dos duelos mais tradicionais do futebol brasileiro. Mas até a coreografia soou falsa, porque dentro de campo o nível voltou a cair. As faltas se sucediam e o juiz desandou a distribuir cartões amarelos – no total foram sete. Só não viu uma cotovelada de Lugano que abriu o supercílio de Alberto e o deixou tonto. “Estou voltando agora ao Brasil e acho que não houve maldade”, disse o reforço corintiano, ainda zonzo e com uma proteção na cabeça. Assim como Alberto, cambaleante e tonto o clássico se arrastou até o final.
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