Mais uma vez o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mostra em suas avaliações sobre a economia brasileira que continua preocupado com o ritmo de crescimento da produção no País. “Com mais um mês de aumento expressivo da produção industrial, a partir do patamar historicamente elevado em que já se encontrava após meses seguidos de rápida expansão, mantém-se a preocupação manifestada em notas de reuniões anteriores do Copom com a velocidade de ampliação da capacidade produtiva, de modo a acomodar a demanda crescente sem ameaçar a convergência futura da inflação para a trajetória de metas”, argumentam os diretores do BC na ata da reunião de outubro do Copom, divulgada esta manhã.
Os diretores do BC reconhecem que os investimentos têm se recuperado, mas mostram desconforto com o contínuo aumento da utilização da capacidade de produção das fábricas. “Por um lado, o ritmo de retomada dos investimentos continua dando sinais encorajadores, com crescimento de 15,7% na absorção doméstica de bens de capital no acumulado janeiro-agosto, em relação ao mesmo período do ano anterior”, destacam os diretores. Mas a utilização da capacidade instalada, por sua vez, continua em tendência ascendente. “O índice medido pela CNI apresentou em agosto crescimento de 0,1% na série dessazonalizada, que atingiu o nível recorde histórico de 83,3%”, ressaltam os integrantes do Copom.
Apesar de manter a aposta de que o ritmo atual de expansão da produção sofrerá uma redução, os diretores do BC mostram na ata que estão preocupados com a magnitude dessa freada, considerada natural após um processo de corte de juros, como o promovido ao longo do segundo semestre de 2003 pelo Copom. “Embora algum arrefecimento espontâneo possa estar a caminho, os dados disponíveis não sugerem que seja intenso o bastante para preservar a compatibilidade entre a trajetória de metas de inflação e a velocidade de preenchimento da capacidade ociosa da economia”, ponderam.
“É inegável que a ociosidade vem se reduzindo rapidamente nos últimos meses”, completam. No entendimento do Copom, a definição da política monetária não pode perder de vista este processo de expansão da economia. “A partir dos níveis de produção já atingidos, a política monetária precisa permanecer vigilante em relação ao ritmo de expansão adicional da demanda”, destacam.

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