Brasília ? O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirma a projeção de reajuste zero nos preços da gasolina e do gás de cozinha no decorrer deste ano, apesar de os preços internacionais do petróleo continuarem em um patamar historicamente elevado, acima de 70 dólares o barril.
Isso é o que revela a ata da reunião que o Copom realizou nos dias 30 e 31 de maio, numa avaliação prospectiva das tendências de inflação. De acordo com o colegiado de diretores do BC, a projeção foi mantida em 4,6% para os reajustes acumulados dos preços administrados por contrato, ou monitorados (combustíveis, energia elétrica, telefonia, educação, medicamentos, transporte urbano e outros).
A previsão é levemente acima da expectativa dos próprios economistas do setor privado que, em pesquisa semanal do BC, projetam inflação de 4,5% para os preços administrados, tanto neste ano quanto em 2007. Esses preços correspondem a 33%, em média, na composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de parâmetro para as correções oficiais.
De acordo com a ata do Copom, os preços de serviços de primeira necessidade estão estáveis. As únicas revisões se referem às projeções dos reajustes de eletricidade, com aumento de 3,6% para 3,7%, e de telefonia fixa, com redução de 3,1% para 2,6% no acumulado do ano.
Os diretores do BC entendem que, no geral, a perspectiva é de que a inflação do ano fique mesmo abaixo da meta de 4,5%, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo eles, a "convergência ininterrupta" da inflação nos últimos meses para a trajetória de metas, somada à consolidação de um cenário de "estabilidade macroeconômica duradoura", contribui para a manutenção do processo de redução progressiva da percepção de risco, com espaço para juros menores no futuro.
O Copom ressalta, porém, a defasagem existente entre a flexibilização da política monetária e seus efeitos sobre o nível de atividade e sobre a inflação. Lembra que desde setembro do ano passado a taxa básica de juros caiu quatro pontos percentuais até a reunião da semana passada, e boa parte dos efeitos desses cortes não se materializara, ainda, na atividade econômica. A ata não menciona, mas relatórios do próprio BC têm mostrado que a rede bancária não tem flexibilizado seus juros na mesma proporção.