Com base nessa inércia inflacionária, o Copom estima que haveria um impacto de 0,9 ponto percentual sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2005 se a autoridade monetária não adotasse medidas de contenção. Considera que a meta de inflação de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), seria elevada naturalmente para 5,4%. Por isso, justifica a ata, a urgência na adoção de medidas para ?acomodação parcial da inflação herdada de 2004? e perseguir um IPCA de 5,1% no ano que vem – pesquisa semanal do BC junto ao mercado já indica inflação de 5,8%.
Ao analisar o cenário da economia internacional, o Copom ressalta que o crescimento mais lento, com inflação estável, nos Estados Unidos, afasta o espectro de rápida elevação dos juros pelo Federal Reserve (o banco central americano).
Houve uma acomodação natural dos mercados financeiros, depois das turbulências registradas no segundo trimestre do ano, e os ventos são favoráveis, também, à economia interna, com redução da taxa de câmbio e do risco-Brasil. Mas, de acordo com o Copom, ?os preços internacionais do petróleo continuam sendo fonte de preocupação?.
Embora o preço do barril de óleo cru tenha recuado dos recordes de alta verificados em agosto, a cotação continua em ?níveis elevados e muito sensíveis? a qualquer ameaça à capacidade de fornecimento dos grandes produtores, de acordo com a ata. Ressalte-se ainda que a defasagem corrente do preço doméstico da gasolina decorre do ?deslocamento atípico? dos preços internacionais da gasolina em relação aos preços do petróleo bruto. Mas isso tem efeito temporário, segundo o Copom, e o risco inflacionário associado ao petróleo se estende a outros produtos.
Conforme o Copom, o fato de trabalhar com o objetivo de inflação de 5,1% em 2005, acima da meta original do CMN, significa que aquele colegiado será ainda ?menos tolerante? em relação a choques que ameacem elevar a inflação. Os conselheiros resolveram iniciar um processo de ajuste moderado, de forma preventiva, ?antes que os dados correntes permitam identificar sinais de descontrole inflacionário ou de pressões excessivas de demanda?, assinala o documento.
O ajuste de 0,25 ponto percentual evitará, de acordo com o Copom, que medidas mais drásticas sejam necessárias no futuro para desinflacionar a economia.
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