A Copel assumiu oficialmente nesta sexta-feira (2) a titularidade da Usina Elétrica a Gás de Araucária, localizada na Região Metropolitana de Curitiba. O ato foi simbolizado por meio de uma visita da diretoria executiva da estatal à termelétrica, que tem 484 megawatts de potência e capacidade para satisfazer o consumo de uma população com 1,5 milhão de habitantes.
O comando em definitivo daquelas instalações passou para a Copel tão logo a El Paso, a antiga sócia controladora do empreendimento com participação de 60%, confirmou o recebimento de 190 milhões de dólares (R$ 414,1 milhões), valor ajustado para a venda de suas ações à estatal.
Com isso, também se encerram as discussões judiciais entre Copel e El Paso, travadas há quase três anos e meio no Brasil e Paris, em torno dos contratos pela comercialização da energia que deveria ter sido produzida na termelétrica. ?Solucionado o último grande problema herdado da gestão anterior, vamos agora começar a negociar um contrato de fornecimento de combustível para a usina e iniciar os reparos necessários para que ela possa funcionar de maneira contínua, segura e confiável?, resumiu Rubens Ghilardi, presidente da Copel.
O dirigente salientou que a Usina de Araucária vai se habilitar a participar do leilão para a venda de energia nova ao sistema de ?pool? a partir de 2010 em contratos de longo prazo. ?Até lá, a produção da termelétrica será negociada no mercado livre e as expectativas de colocação dessa energia são boas, tanto que diversos interessados já têm nos procurado e consultado a respeito?.
Ano que vem – Segundo o diretor de geração e transmissão de energia da estatal, Raul Munhoz Neto, a termelétrica de Araucária deve estar em condições de operar já no ano que vem. ?Temos reparos e complementações a fazer nas instalações da usina?, disse. ?E deles, o de maior importância é resolver o problema de sincronia dos geradores às faixas de subfreqüência fixadas pelo ONS, o Operador Nacional do Sistema Interligado?.
O diretor explicou que na condição atual, a ativação da Usina de Araucária, em vez de reforçar, pode fragilizar o conjunto de usinas, linhas e subestações que abastecem o mercado consumidor do país. ?Ao se desligar do sistema antes do limite tolerável de subfreqüência ser atingido, a usina de Araucária pode dar causa a um desligamento sucessivo de outras usinas, o chamado efeito dominó, provocando um grave desequilíbrio em todo o conjunto?.
Para que isso não aconteça, a Copel vai gastar nos ajustes de sincronia boa parte dos R$ 11 milhões previstos para as correções e complementações necessárias.
A empresa também vai iniciar projetos e estudos para flexibilizar as duas turbinas que operam alimentadas por gás natural, para que utilizem combustíveis alternativos. ?Temos a perspectiva de, na falta do gás, operar os geradores consumindo o diesel tradicional e, como novidade tecnológica recente, o H-Bio desenvolvido pela Petrobras?, relatou. ?Como estamos assumindo agora o comando e controle da termelétrica, teremos mais liberdade, conforto e desenvoltura para fazer os projetos, análises, ensaios e testes necessários?.
O gasto da Copel para tornar a Usina de Araucária multi-combustível é estimado entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões.