Coordenadora destaca inciativa de mulheres na defesa do acesso ao trabalho

A coordenadora no Brasil da Associação Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, Clara Charf, destaca como uma das primeiras ações da rede a abertura, hoje (24), em São Paulo, da exposição com retratos de mil mulheres de 150 países indicadas em 2005 ao Prêmio Nobel da Paz.

A rede 1000 Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, que promove a mostra, surgiu em 2003, quando uma fundação suíça passou a defender o reconhecimento público da atuação das mulheres na construção da paz. O Brasil, sob a orientação de Clara Charf, indicou 52 nomes cota baseada no número de habitantes.

As mulheres não levaram o prêmio em 2005, concedido ao egípcio Mohamed El Baradei, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica. Mas o projeto delas adquiriu reconhecimento mundial e se ampliou.

"Nãoprecisa ser indicada, qualquer mulher pode aderir rede, desde quebatalhe pela paz, o que significa lutar pelo acesso ao trabalho, auma vida sem violência, a moradia, a educação eao combate ao racismo, por exemplo. Essas são causas do cotidiano das mulheres", disse Clara Charf. E acrescentou: "Muitos homens fazem isso, mas essa iniciativa é para asmulheres".

No Brasil, explicou, a rede está em estruturação e conta com a ajuda de muitos movimentos ligados luta pela igualdade de gênero. O próximo passo, segundo a coordenadora, é articular ações em parceria com as associaçõesde outros países. "O nosso trabalho não serádesligado do resto do mundo. Não podemos somente fazer ascoisas internamente, essas [52] mulheres estão ligadas s deoutros continentes. Essa é a beleza e a força desteprojeto", destacou.

O projeto 1000 Mulherespela Paz ao Redor do Mundo está diretamente relacionado vida de Clara Charf, que nos últimos 61 anos militou "pela causa do povobrasileiro", como ela mesma definiu. "Quando comecei a militar, as mulheresquase não saíam sozinhas de casa. Mas nós semprebatalhamos muito", acrescentou, ao destacar também os avanços nas décadas de 60 e 70, como o Ano da Mulher (1975).

Aos 82 anos, ela afirmou que o fato de mulheres ocuparem diversos espaços na sociedade "não é ainda tudo o que a gente precisa, mas é uma grande força". E conclamou os homens a "abrirem os olhos" para a questão da igualdade de gêneros, ao propor uma vida melhor para todos: "Tem homem que ainda nãoabriu os olhos para nada e que ainda pratica todo tipo deviolência contra as mulheres. Mas muitos, mesmo que em númeroinsuficiente, são aliados. O que eles precisam entender éque quanto maior for a equiparação de direitos edeveres entre homens e mulheres, melhor será a vida do casal".

Clara Charf foicompanheira de vida e luta do guerrilheiro Carlos Marighella, assassinado em 1969 e, para ela, também um feminista "Quando vivíamos na clandestinidade, ele não sabiapassar roupa. Então, ele lavava e eu passava. Nessa hora, elesentava ao meu lado e começava a ler textos em voz alta paraeu não perder tempo com trabalho físico", lembraentre risos.

Nascida em Maceió(AL) e descendente de russos, Clara Charf faz parte da Comissãode Mortos e Desaparecidos Políticos, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, e do Conselho Nacional dos Direitos daMulher.

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