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Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília ? A questão cultural é o que mais dificulta o fim do trabalho de crianças na área rural, de acordo com o secretário de assistência social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Osvaldo Russo.
O coordenador nacional do Programa Internacional para Eliminação do Trabalho Infantil (Ipec) da OIT, Pedro Américo Oliveira, acrescentou que boa parte da sociedade acredita que é bom que uma criança pobre trabalhe. Ele defende a realização de campanhas, como forma de mudar essa concepção. "Não é apenas a pobreza que leva ao trabalho infantil, a cultura também. Os esforços têm de ser muito mais sofisticados", ponderou Oliveira.
Segundo o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil possui mais de 2,2 milhões de crianças trabalhadoras. Desse total, 58,7% estão no setor agrícola. A maioria da força infantil no campo é composta por garotos (63,6%).
O coordenador citou o bom desempenho do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) do MDS, considerado referência pela OIT. "O Brasil é visto como caso pioneiro e de sucesso". Segundo o coordenador do Ipec na América Latina e Caribe, Eduardo Araújo, vários países da América Latina têm seguido o exemplo brasileiro, como Argentina, Colômbia, Chile e Guatemala.
Um dos destaques do Peti é a oferta de atividades sócio-educativas para as crianças e adolescentes. "Se existem alternativas sócio-educativas, as famílias e as crianças passam a acreditar na mudança", destacou Araújo.
O governo federal vai realizar seminários sobre trabalho infantil na agricultura familiar, em parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), durante o Grito da Terra Brasil. A marcha deve reunir cerca de quatro mil trabalhadores rurais em Brasília entre os dias 16 e 18 de maio. Essa é uma das iniciativas do governo para combater o grande número de crianças e adolescentes trabalhando no campo.
