A invasão por integrantes da Via Campesina de uma unidade de pesquisa da Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste, a 520 quilômetros de Curitiba, está levando temor a outras entidades que trabalham no melhoramento de sementes e que têm produtos transgênicos entre seus experimentos "Estamos temerosos", confessou o diretor-executivo da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), Ivo Carraro "Os funcionários estão apavorados." O centro de pesquisas fica em Cascavel, a cerca de 40 quilômetros da Syngenta.
Um comunicado foi feito aos cerca de 200 funcionários, pedindo que, caso ocorra uma invasão, ninguém reaja. "A preocupação é com a integridade física das pessoas e com o patrimônio", disse o diretor. Com 31 anos de pesquisa, a Coodetec desde 1998 trabalha com variedades transgênicas. "Se esse é o perfil escolhido pela Via Campesina nós nos enquadramos por isso estamos receosos de que possamos ser visitados", afirmou Carraro. Mas ressaltou que a cooperativa é formada por 175 mil agricultores, associados a 40 cooperativas de seis Estados. "Somos 100% nacional", anunciou.
Além disso, ele espera ter como aliado contra a Via Campesina o fato de a Coodetec também trabalhar em pesquisas com produtos convencionais e orgânicos. "As cooperativas não querem ficar presas a apenas uma tecnologia", justificou. A Coodetec responde por 20% do mercado brasileiro de sementes, trabalhando com soja, milho, trigo e algodão. No caso da soja transgênica as pesquisas envolvem a variedade RR (tolerante ao glifosato). "Ela está aprovada pela Lei de Biossegurança", lembrou Carraro.
Comunicado – A Syngenta Seeds divulgou um comunicado no qual garante que as pesquisas desenvolvidas na unidade de Santa Tereza do Oeste "seguem integralmente a legislação vigente". A nota diz que a empresa possui o Certificado de Qualidade em Biossegurança emitido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que autoriza as pesquisas naquele local.
E ressalta que a variedade RR tem plantio aprovado por lei. Além disso, destaca que as pesquisas com milho também foram aprovadas pela CTNBio. A empresa afirma ainda que a situação está "pacífica" na unidade invadida, onde permanecem apenas o gerente e seus assistentes.