O secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, assinou, nesta quinta-feira (08), em São Paulo, convênio com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para a implantação do projeto Caminho de Volta no Estado. Desta maneira, o Paraná se torna o primeiro estado do país, além de São Paulo, a fazer parte do projeto que cria um banco de DNA para identificar crianças que são encontradas, mas estão sem identidade.

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O trabalho desenvolvido pelo Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), com 99% dos casos solucionados, foi determinante para que o Paraná fosse o primeiro Estado a ser convidado a participar do projeto. ?O convênio é essencial para melhorar ainda mais os índices de sucesso do Sicride. Temos muitos casos de crianças que desaparecem no Paraná e são encontradas em outros estados, mas estão sem identidade. O que acontece hoje é que elas são enviadas para abrigos públicos e o caso fica sem solução?, explica Delazari.

De acordo com a delegada que coordena o serviço, Márcia Tavares dos Santos, o convênio poderá ajudar a resolver cerca de 100 casos registrados no Paraná. ?Temos 21 casos de crianças localizadas sem identificação no Sicride além de 30 adolescentes cadastrados na Delegacia de Vigilância e Captura e outras 50 ocorrências na Vara da Infância e da Juventude. Estamos certos de que a implantação deste convênio vai nos auxiliar ainda mais?, disse.

A delegada lembra que há dois anos foi encontrado o corpo de uma criança no município de Quatro Barras, Região Metropolitana de Curitiba, que ainda não foi identificado. ?No sistema do Sicride, não consta nenhuma criança com essas características. Isso nos leva a crer que ela seja de outro Estado. Assim que o convênio for ampliado, teremos condições de buscar a compatibilidade biológica com pais cadastrados em outras regiões?.

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DNA

O Projeto Caminho de Volta trabalha com um banco de DNA que é alimentado sistematicamente. Os parentes que derem queixa do desaparecimento de um familiar serão convidados a participar do programa. A polícia coleta material biológico dos familiares (uma gota de sangue em papel especial), que será encaminhado para o laboratório da Faculdade de Medicina da USP. Lá, as amostras serão processadas e os dados computados no banco de DNA. Na outra ponta, toda criança localizada sem identificação passará pelo mesmo processo. Sempre que houver uma nova inclusão, os dados de crianças e familiares serão cruzados com o objetivo de solucionar os casos de desaparecimento a partir da compatibilidade biológica.

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Além da alimentação do banco de DNA, o convênio também vai complementar o atendimento psicológico oferecido aos familiares. Um mapa para conhecer as regiões com maior índice de ocorrências e as razões para o desaparecimento de uma criança também será elaborado.

Referência

Segundo o secretário, o Paraná já é referência na solução de desaparecimento e seqüestro de crianças. De janeiro a novembro deste ano, o Sicride registrou 96 casos. Desse total, mais de 97% (94 casos) das ocorrências foram solucionadas. ?Os ótimos indicadores obtidos ano a ano e a seriedade com que esta equipe da Polícia Civil desempenha seu trabalho foram determinantes para que a Faculdade de Medicina da USP elegesse o Paraná como o primeiro estado contemplado pela parceria que possibilitará a extensão do projeto para além das divisas de São Paulo?, disse Delazari.

Caminho de Volta

O Projeto Caminho de Volta foi concebido, em setembro do ano passado, a partir da constatação, feita pelo Centro de Ciências Forenses da Faculdade de Medicina da USP, de que não há estudos a respeito de casos de crianças desaparecidas e de que as informações não são uniformizadas. Segundo o Ministério da Justiça, dos 40 mil casos de desaparecimento de crianças e adolescentes registrados por ano, cerca de 10% a 15% não são resolvidos ou ficam muito tempo sem solução.

Como a Faculdade de Medicina dispunha de laboratório, estrutura e know how para preencher essa lacuna, a direção da USP fechou a parceria com o a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, por meio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), e criou o projeto Caminho de Volta.