Controle de vôo civil pode não garantir fim de problemas

A saída do controle de vôo das mãos militares não é garantia de solução para crise aérea. Em outros países, a passagem do setor para civis significou o aumento de greves, como na Itália, último país da Europa ocidental a fazer a transferência. Pode significar ainda a necessidade de grandes investimentos para separar o sistema de tráfego civil do militar, que hoje é integrado no Cindacta.

Ao optar nos anos 70 por um sistema único de controle de vôo, o Brasil seguiu o modelo italiano, onde a aviação militar comandava tudo. Com isso, reduziram-se os custos de instalação de uma rede de cobertura radar em um país como o Brasil. O sistema na Itália funcionou integrado até ser implodido em 1979 por uma movimento de praças da Aeronáutica. Eles se organizaram em uma associação e exigiram que o serviço se tornasse civil. O então presidente, Sandro Pertini, determinou que se negociasse, apesar da resistência de comandantes militares, que queriam punir os controladores. Decidiu-se pela desmilitarização, concluída em 1981. Desde lá, italianos passaram a conviver com constantes greves – a última em 26 de março, no Aeroporto de Fiumicino (Roma), que deixou 14 mil pessoas no solo.

Nos Estados Unidos, o governo de Ronald Reagan teve de enfrentar em agosto de 1981 uma greve nacional dos controladores. Ao contrário dos italianos, o governo americano deu um ultimato: deviam voltar em 48 horas ao trabalho. Todos eram civis e queriam diminuição da jornada de trabalho e aumento de salário. Como funcionários públicos federais, eram proibidos de fazer greve, considerada por Reagan uma ameaça à segurança nacional. Demitiu 11 mil deles – cerca de 75% dos trabalhadores do setor. Durante dois anos, o tráfego aéreo americano sofreu redução de 20% – o controle civil era separado do militar. Os grevistas foram substituídos por controladores treinados pelo governo e por militares. Desde então, não houve outro movimento grevista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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