Ao decidir imprimir maior rigor no controle da madeira certificada no Estado, especialmente a que chega da Amazônia, o governador Roberto Requião se coloca à frente da luta para controlar uma intrincada e contraditória cadeia de mercado. A afirmação é do doutor em Ecologia, Carlos Rittl, coordenador do Programa de Áreas Protegidas do Greenpeace na Amazônia.
O Greenpeace tem um programa embrionário chamado Cidades Amigas da Amazônia, desenvolvido em convênio com um ainda pequeno número de prefeituras municipais. ?É uma forma de ajudar a Amazônia, mesmo estando longe dela?, ressaltou o especialista, dizendo que daqui para frente o Greenpeace fará contato com a Secretaria do Meio Ambiente e o Instituto Ambiental do Paraná para contribuir com todo tipo de sugestões para a criação do decreto proposto por Requião, já que possui um modelo básico.
?Essa atitude do Paraná é muito importante para garantir que a madeira ilegal não entre no Estado, contribuindo para fazer funcionar os planos nacionais que enfrentam contradições internas?, ressalta o representante do Greenpeace na Amazônia. Ele exemplifica dizendo que o programa Nacional de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia é bom, mas falha quando nem todos os 11 ministérios envolvidos atuam junto com o do Meio Ambiente, ou quando os recursos necessários não são liberados ou, ainda, quando são liberados com atraso.
?Quando amigos distantes evitam que a madeira ilegal extraída da Amazônia seja utilizada, isso é de uma ajuda inestimável para o controle do desmatamento?, conclui Rittl, ressaltando que os recursos para a agricultura e os agronegócios não costumam atrasar nem faltar, mas que essas atividades dependem do equilíbrio do ecossistema.
Clareza e compromisso
?É preciso ser radical porque os problemas ambientais são radicais e o governador Requião está agindo com clareza e compromisso?, diz o engenheiro florestal Wilson Loureiro, diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Paraná. Responsável pela administração de 61 unidades distribuídas pelas regiões Norte, Centro e Litoral do Estado, Loureiro defende que o controle sobre a origem e certificado da madeira recaia com rigor, também, sobre o material utilizado em obras públicas do governo.
Para o advogado Hélio Dutra de Souza, diretor geral da Secretaria do Meio Ambiente do Paraná (Sema), o maior rigor sobre as guias expedidas para controle do transporte de madeira é absolutamente compatível com a Constituição de 1988, que permite aos Estados, legislar de forma complementar. As guias, que são expedidas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) definem o transporte interestadual e o trabalho conjunto entre a Sema e o Ibama deverá ser intensificado.