Cerca de 50 representantes de sindicatos e associações de controladores de vôos civis reuniram-se, na manhã de hoje, em Salvador, na Bahia, com o objetivo de mobilizar a categoria nacionalmente no plano de mudança de modelo de gestão do tráfego aéreo civil no Brasil. "A idéia é integrar as informações e mobilizar os trabalhadores de todas as cidades brasileiras dentro de um objetivo único – o de transferir a gestão da aviação civil no País para os civis", afirma o presidente nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Vôo, Jorge Botelho.
De acordo com ele, um dos temas da reunião foi colher relatos de profissionais do setor que estão sofrendo intimidações e retaliações por parte do comando militar por não concordar com práticas consideradas arbitrárias pelos integrantes do grupo. "Apenas hoje, tomamos conhecimento de oito casos, que estão ocorrendo com pessoas que participaram da reunião", afirma. "O problema desse tipo de ocorrência não é só para o profissional, mas para a segurança da população como um todo no espaço aéreo.
Botelho disse que não pode sequer dar o número exato de participantes da reunião, ou contar de onde eram os representantes, porque os envolvidos poderiam sofrer represálias das autoridades. "É um exemplo do que estamos sofrendo", conta. "Houve várias tentativas da aeronáutica de tentar fazer com que esta reunião não fosse realizada.
Sobre o anúncio do Ministério Público de que vai dar entrada, na segunda-feira, com uma denúncia de assédio moral e coação dos controladores de vôo brasileiros pela Aeronáutica na Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização Internacional de Aviação Civil (Icao), Botelho comemorou. "É uma prova de que a sociedade brasileira está se mobilizando para tentar resolver o problema." Ele também afirma que a categoria reconhece o trabalho que está sendo feito pelo ministro da Defesa, Waldir Pires, para solucionar a crise que afeta o setor. "O ministro tem nosso total apoio", garante. "O problema se concentra nos assessores, nos escalões abaixo do ministro, que não querem a mudança de modelo de gestão.