Brasília – Desde sábado (31), controladores civis de vôo estão assumindo as chefias imediatas do controle aéreo. A informação é do assessor de Comunicação e ex-presidente da Associação dos Controladores de Vôo de Brasília, José Ulisses Fontenelle. Segundo ele, os supervisores de equipe dos controladores estão assumindo a parte operacional do controle aéreo, mas a parte administrativa e de logística permanecem com os militares.
?Praticamente em todos os órgãos dos controle as chefias saíram. O que muda é que não tem a presença militar dentro do órgão operacional. Não há mais a pressão militar em cima dos controladores. Agora não vai ter mais isso, agora tem a parte operacional puramente?, explicou Fontenelle.
Apesar da desmilitarização ser uma das reivindicações dos operadores de vôo, Fontenelle afirmou que não comemorou a mudança por ter acontecido sem aviso prévio. ?Ninguém estava esperando isso tão rápido. Estávamos esperando uma transição mais tranquila?, disse Fontenelle.
Ele também afirmou que a segurança do tráfego aéreo está mantida. ?No dia-a-dia é o que acontece mais. É só a questão burocrática que ficava com os militares".
O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, informou que hoje (2) o governo federal deve continuar a discutir o modelo de desmilitarização do setor aéreo. Amanhã (3), segundo ainda o brigadeiro, está previsto o anúncio desse modelo para os controladores de vôo.
Na madrugada do último sábado, os controladores de vôo e o governo federal firmaram um acordo que prevê a desmilitarização imediata da categoria; o pagamento de uma gratificação; a criação de um plano de carreira para os funcionários do tráfego aéreo, além do cancelamento de 20 transferências que seriam realizadas.
O acordo foi fechado em reunião dos profissionais com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo; o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, e o diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo da Infraero, brigadeiro Jamon Cardoso.
A reunião teve início pouco depois que os controladores de vôo pararam de trabalhar ao receber ameaça de voz de prisão do Comando da Aeronáutica, por volta das 18 horas de sexta-feira (30). Os controladores paralisaram as atividades no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, e a ação teve efeito dominó que culminou no fechamento de 67 aeroportos comerciais do país.