Contratos pedagiados

O ex-deputado federal Roberto Jefferson, pivô da crise que praticamente engessou a atividade do Congresso em 2005, reiterou, nas várias abordagens sobre a corrupção no âmago dos partidos, um fato relevante hoje comprovado pelas constatações da Polícia Federal sobre a atividade da pessoa não menos sinistra de Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas Centrais Elétricas.

Jefferson reafirmou no depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que as indicações partidárias para altos cargos na administração pública, garantida a nomeação, obedeciam a lógica farisaica de amealhar vantagens pecuniárias ao partido, na forma de doações feitas por empresas que fazem negócios com as estatais.

A Polícia Federal acaba de estabelecer um nexo muito próximo entre o ex-diretor de Furnas e o pedágio cobrado das empresas fornecedoras ou prestadoras de serviços, cujo resultado era depois repassado aos partidos para dar lastro ao chamado caixa dois.

Segundo a estimativa feita pela CPMI dos Correios, somente por intermédio do duto operado por Dimas Toledo, políticos do PSDB, PTB, PFL, PP e PL poderiam ter recebido algo em torno de R$ 36,5 milhões. Por isso, todos os dados referentes a contratos assinados por Furnas desde 1998 serão cuidadosamente devassados, porque a hipótese de superfaturamento é cada vez mais robusta.

Não foi outra a natureza da observação de Jefferson, hoje portadora de atestado de plena verossimilhança ante a conclusão da Polícia Federal, ao investigar com base na quebra dos sigilos fiscal e telefônico de Dimas Toledo no período em que foi diretor de Furnas.

Jefferson não teve pejo de declarar mais de uma vez ter recebido proposta de caixa dois do então diretor de Furnas, além de R$ 75 mil em espécie, em troca de pleitear junto ao presidente Lula sua permanência no disputado cargo.

Uma das maneiras de facilitar a arrecadação de dinheiro era a montagem de consultorias de aparência que as empresas viam-se constrangidas a contratar a fim de facilitar o encaminhamento dos projetos com visível interesse mútuo. As empresas consentiam em pagar o pedágio, apurou a Polícia Federal, para diminuir o risco de perder a oportunidade de firmar contratos de excelente nível financeiro e segurança no recebimento.

Tais crimes não podem permanecer impunes, doa a quem doer.

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