Um contratempo marcou a saída, ontem, das tropas da Força Nacional de Segurança Pública destacadas para combater facções criminosas que comandam violentos ataques no Rio de Janeiro desde o fim de dezembro. Alugado de última hora para transportar armas e equipamentos das tropas, um velho caminhão de mudança furou dois pneus a caminho da Base Aérea de Brasília e a partida dos policiais atrasou por mais de três horas.
O caminhão estava com pneus carecas e com equipamentos obrigatórios danificados, duas irregularidades punidas pelo Código de Trânsito. O tropeço irritou o coronel Aurélio Ferreira comandante da Força. "É um absurdo um problema desse tipo prejudicar nossa missão", protestou. Ele destacou um grupo tático, armado de fuzis e em posição de combate, para proteger o veículo, enquanto um terceiro descarregava seus equipamentos na Base Aérea para retornar e resgatar a carga.
Ao todo, seguiram para o Rio ontem cerca de 500 policiais em duas turmas. A primeira, de cerca de 200 homens, saiu ainda de madrugada e seguiu por terra, em 52 viaturas. Eles se deslocaram diretamente para os pontos das principais rodovias da divisa do Rio com Estados vizinhos, principalmente São Paulo e Minas, nas quais vão combater o tráfico de drogas e de armas, asfixiando as facções do Rio que dependem desses suprimentos.
Outras equipes da Força continuarão seguindo para o Rio nas próximas semanas até atingir um total de 6 mil policiais destacados para ajudar na segurança dos Jogos Pan-Americanos, em junho. A segunda equipe, com cerca de 300 policiais, retardada pelo incidente dos pneus, embarcou em dois aviões Hércules, da Força Aérea Brasileira (FAB), com pouso previsto no Aeroporto do Campo dos Afonsos, no Realengo.
Solicitada pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, a Força deve ficar no Estado pelo menos até agosto. Foram levados na bagagem armamento pesado, inclusive fuzis e metralhadoras e equipamentos de comunicação. A tropa é integrada por policiais militares e bombeiros recrutado entre os quadros de elite dos Estados.